quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Novos ares na política paraibana

As surpresas de 2010
Reginaldo Marinho


Mais um ano chega ao fim. É nessa época que fazemos balanços parciais de nossa existência e, contaminados pelo espírito do Natal, nos tornamos mais solidários. As reflexões são naturais no período natelino. A contabilidade dos erros e acertos permite a evolução espiritual de cada um de nós. Confesso que tenho errado menos, mesmo sem querer ser tão certinho.

É bem melhor quando conseguimos transcender esse balanço individual e compreender contabilidades de maiores dimensões. As empresas, as sociedades, as cidades, os países e até o planeta tem a sua contabilidade. A prova disso é conscientização acelerada, no planeta inteiro, dos fenômenos que causam as mudanças climáticas. As contas estão desfavoráveis ao equilíbrio do planeta.

As mudanças climáticas exigem que cada cidadão do mundo assuma a sua parcela de responsabilidade para frear a degradação ambiental.

Voltemos às reflexões paraibanas. No âmbito da política, tivemos duas gratas surpresas. Uma delas foi a brilhante atuação do senador Roberto Cavalcanti no Senado Federal. No período de dois anos, ele fez 93 pronunciamentos na tribuna do Senado. Foi o relator de 186 matérias versando sobre temas variados e apresentou 22 projetos de lei.

Esses números já seriam suficientes para colocar o senador noviço em evidência aqui e alhures. Quando o Superior Tribunal Federal, por um ato imprudente de seu ex-presidente Gilmar Mendes, desregulamentou a profissão do Jornalismo, o senador Roberto Cavalcanti foi um dos primeiros políticos paraibanos a assinar a PEC 33/2009, conhecida por PEC do diploma. Sendo o dono do poderoso Sistema Correio de Comunicação, o senador ficou do lado de seus operários da comunicação e honrou a categoria dos jornalistas.

O senador não parou de surpreender. Ele empenhou-se em enfrentar um perigoso tentáculo do sistema financeiro nacional, o dos cartões de crédito. Um instrumento lesivo à economia popular que opera às margens do sistema financeiro, sem regulamentação alguma.

A outra surpresa ficou por conta do arquiteto e urbanista Luciano Agra. Luciano foi escolhido pelo ex-prefeito Ricardo Coutinho para mexer com a fisionomia da capital paraibana. Como secretário de Planejamento do Município e, depois vice-prefeito, ele promoveu algumas ações que impregnaram o mandato municipal de conceitos urbanísticos até então desprezados por prefeitos anteriores. A eleição de Ricardo Coutinho para governador do Estado promoveu Luciano Agra ao cargo de prefeito da Capital.

Professor de Arquitetura da UFPB, Luciano decidiu executar na Prefeitura o que ensinava aos seus alunos, muitos deles já exercendo a profissão de arquiteto, e transformou a cidade em um laboratório bem sucedido de obras que fortalecem a estima do técnico, do gestor e da população.

Amparado pelo Ministério Público, Luciano mudou a paisagem de Tambaú. Retirou as barracas que impediam a visualização do mar e ficamos um pouco mais civilizados. Os seus atos são lições fundamentadas de uma boa escola de Arquitetura e Urbanismo. Cada paraibano tem na gestão de Luciano Agra um curso cotidiano, intensivo e gratuito de Urbanismo. É uma experiência singular e gratificante.

O gesto definitivo de coragem, ousadia e de cidadania do prefeito Luciano Agra foi a desapropriação do Aeroclube da Paraíba para a criação do Parque Parahyba. São quase 70 hectares de área nobre encravada num dos mais valorizados bairros de João Pessoa. Essa era uma atitude de governo que a sociedade paraibana silenciosamente aguardava e, agora, aplaude.

Temos o privilégio de protagonizar um fenômeno urbanístico que foi apenas precedido por Curitiba, na gestão do arquiteto e urbanista Jaime Lerner.


RM@reginaldomarinho.com.br

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