quarta-feira, 13 de junho de 2007

Sérgio Bernardes

Espaço Cultural José Lins do Rêgo (1)
Anderson L. Brito, Fabíola dos Santos Yogi, Fernanda R. Serrano de Andrade e Katarine de A. Cavalcanti


Fachada

Praça

Lateral da Praça - Espelho d'água

Anfiteatro e Planetário

Praça

Praça

Teatro Paulo Pontes

Croquis

Pavimento Térreo

Pavimento Superior

Corte Longitudinal



Corte Tranversal




Sérgio Bernardes

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O Arquiteto Sergio Bernardes, nascido em 9 de abril de 1919, no Rio de Janeiro, e falecido no sábado de 15 de julho de 2002, aos 83 anos, realizou seu primeiro projeto - uma casa. Uma atividade intensa marca toda sua vida, desde os tempos de estudante. Diplomou-se arquiteto em 1948 pela Faculdade Nacional de Arquitetura da Universidade do Brasil, hoje Universidade Federal do Rio de Janeiro, quando trabalhava na sua oficina de maquetes, projetava residências e edifícios, atuava como decorador ou detalhava a construção.
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Como arquiteto, assinou mais de 200 projetos que foram executados em quase todos os Estados brasileiros. A partir de então, sua obra foi se tornando cada vez mais reconhecida e prestigiada, nacional e internacionalmente.
A arquitetura de Sérgio jamais foi pensada para o espetáculo, mas para o homem. Ao contrário da maioria dos discursos em geral centrados no objeto arquitetônico, os projetos de Sérgio eram apresentados sempre do ponto de vista da vivência e das qualidades que este ou aquele espaço proporcionaria aos usuários, sem falar da ênfase dada a sua relação com o entorno.
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Livre, criativa e provocante, sua arquitetura foi sempre pautada pelo respeito à natureza e pela preocupação com o desenvolvimento do homem e da humanidade. As proporções dos espaços, as visuais e os percursos eram estudados em relação ao homem, fazendo com que matéria e tecnologia estabelecessem relação perfeita com natureza e sociedade.

“Sérgio não estava atrelado ao pensamento dominante da esquerda da época. Era um arquiteto independente e com uma visão clara de seu país. Democrata convicto, suas propostas tinham endereço certo, qual seja a de produzir melhoria na qualidade de vida do brasileiro. Exerceu sua arquitetura com sinceridade e dedicação. O que diferenciava o arquiteto Sérgio Bernardes é que foi capaz de produzir arquitetura com muita inventividade e acima de tudo com enorme bom humor.” (Antonio Claudio Pinto da Fonseca, arquiteto, professor das Faculdades de Arquitetura de Santos e Mackenzie, doutorando na FAU-USP e sócio diretor da Construtora e Administradora MG Ltda)

Suas obras apresentam também grande variedade de materiais e técnicas construtivas. É comum em seus projetos a presença do aço, do concreto, da madeira, da pedra e de elementos cerâmicos. A incessante procura por novos materiais levou Sérgio a criar elementos hoje consagrados em nossa arquitetura, como o bloco cerâmico vazado de 10 cm x 10 cm x 10 cm, o tijolo de vidro soprado do tipo tijolux e a cobertura em telha meio-tubo de fibrocimento (talvez a primeira desse tipo no mundo), “uma telha colonial estendida para seis metros”.

Alguns p´rojetos, em particular retratam o percurso do arquiteto. A residência Lota de Macedo Soares, em Petrópolis-RJ (1951), sua própria casa (1960) no Rio de Janeiro , o Hotel Tambaú (1966) e o Espaço Cultural José Lins do Rêgo, em João Pessoa-PB são exemplos de uma arquitetura primorosamente integrada com o meio. Para Sérgio Bernardes, criar, dar forma às coisas era o seu hobby: "eu inventava meus brinquedos aos três anos de idade e continuo até hoje. Gosto de desafios".

Um profundo conhecedor da alma humana, o arquiteto também participava politicamente da sociedade, quando propôes novas formas de desenvolvimento urbano e agrário, e quando afirma que "em um país nada mais é do que o bem de capital do seu povo: cabe ao político transformar este bem de capital em mercado de mão de obra". Embora virtuoso, otimista, inovador e combativo, afirma certa melancolia, quando aos 63 aanos de idade dizia: "nunca pensei que iria ver a humanidade inteira trabalhar de graça, você dá um tempo que não volta mais e recebe um dinheiro que não compra mais".

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Conceituação do Projeto

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A definição desse novo edifício para a cidade de João Pessoa, pelas próprias palavras do governador Tarcízio Burity teria como objetivo geral: “... o Espaço Cultural existirá como ponto de encontro do povo paraibano, onde a festa de espírito é que importa desde a literatura de cordel aos romancistas mais apurados, desde o Bumba-meu-boi aos concertos de música erudita. Manifestações bem nordestinas e bem brasileiras, onde a terra e o homem se fundem na perpetuação de sua alma e de suas tradições.” .
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“Nossa proposta acrescenta pouca coisa em termos de arquitetura, pois não a queremos contundentes, pesada ou inibitória. Apenas uma cobertura – a Asa Branca - do Nordeste Brasileiro protegendo o seu povo.“ Sergio Bernardes. “... Nada além do que uma praça pública, só que protegida criando-se um micro-clima mais temperado e ameno, mais protetor relativamente aos agentes atmosféricos. A cultura, os acontecimentos, as manifestações culturais, caracterizam-se pela sua formulação mais ou menos viva. Pois não existe passividade em cultura, mas se exigem reflexão, os espaços serão mais resguardados se propõe manifestação, exibição, são menos limitados, mais abertos convidando a espontaneidade. Localizamos o repositório dos conhecimentos assinalados como se faz as sementes para germinar: junto a terra. Aí localizamos todo o acervo, a Biblioteca, o Arquivo, o Planetário, e o Teatro de Arena.” Sergio Bernardes. . Uma vez iniciada a formulação dos espaços - conseqüência dedicada à reflexão localizamos os que se destinam à exibição, à manifestação viva, integrados aos circuitos de Grande Praça Pública – Centro Cultural. . Voltando no Espaço, entre a Asa Branca e o chão, desenvolvem os espaços polivalentes cuja subdivisão, destino e dimensão serão função das atividades dos grupos atuantes paraibanos. Possuirão o espaço que as suas atividades exigirem. Para atingirem seus locais de manifestação, estudo ou reflexão, rampas com declividade suave fazem as ligações à Praça Pública integrando-se ao conjunto de um todo unido. Descendo suavemente da grande superfície de proteção as platéias do auditório – Centro de Convenções – e do Teatro aterrissam suavemente na Praça Pública. Os espaços sugestionam automaticamente a que sejam convividos por todos, qualquer que seja o grau de desenvolvimento do seu intelecto.

Programa de Necessidades do Espaço Cultural
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Pavimento Térreo

Praça do Povo
Ao nível da rua, sem portas de entrada, com áreas planas e em declive, e acesso normal feito por sete portões, sendo quatro principais e três de serviço. O centro da Praça do Povo é atingido através de pequenas pontes, que cruzam espelhos d’água com 5m de largura e 0,5m de profundidade que a rodeiam em toda sua extensão, possuindo oito tubos de alumínio que recolhem águas das chuvas. A Praça conta com árvores que protegem bancos de alvenaria.
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Teatro de Arena Jackson do Pandeiro
Em formato quadrangular, com área de 689m², e capacidade para 1.500 pessoas, com um palco de 10x10m, arquibancadas que comportam mais de 2 mil pessoas sentadas, o teatro Jackson do Pandeiro é totalmente aberto e foi projetado para ser circundado por enormes placas acústicas de cor laranja, móveis, para serem deslocadas até se atingir a otimização do som.
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Planetário
Com entrada pelo subsolo, o Planetário foi projetado em uma cúpula circular que através de equipamentos especiais permite reproduzir os movimentos do corpo celeste. Com 219m², a grande cúpula externa foi montada a partir de 18 gomos de poliuretano e fibra de vidro, juntados por meio de parafusos.
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Palco
O grande palco que quando aberto tem as dimensões de 20x30m, possui três portas guilhotina com cerca de 7m de altura e 15m de largura que controlam este palco que poderá ser usado não apenas para a platéia do teatro de 825 lugares, como também para o centro de convenções oposto a platéia do teatro, também com 825 lugares, simultaneamente para essas duas platéias e para a Praça do Povo.
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Áreas de serviço e comercialização
Composta por 46 Box com 20m² cada. Baterias de sanitários em uma das extremidades da área. O restante da área livre, totalmente plana, situada ao nível do chão.
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Pavimento Superior


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Mezanino 1
Área com 2.400 m², iluminação natural ou por lâmpadas mistas, piso de cimento, acesso através de rampas com 2,40m de altura por 45m de comprimento, condicionamento de ar natural, destinado a lazer, feiras, exposições, etc.

Mezanino 2
Estação ciência, Museu de Ciência e Tecnologia com finalidades didáticas.
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Auditório Gazzi de Sá
Área de 243,37m², com capacidade para 150 poltronas.
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Cine Bangüê
Com área de 835m², possui forma retangular com capacidade para 648 poltronas, sendo 540 na platéia e 108 em duas frisas laterais.


Teatro Paulo Pontes
Área de 1.075 m², forma retangular e capacidade para 810 poltronas, sendo 702 na platéia e 108 em duas frisas laterais.
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Áreas de coquetel
Área de 250m², esta situada ao nível de 5,75m e 5,43m a entrada do Cine Bangüê e a entrada do Teatro Paulo Pontes. Possui área livre de 2,40m e áreas de lanchonete e baterias de sanitários.
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Auditório Augusto dos Anjos
Com 140,63m², o auditório tem capacidade para 175 cadeiras e uma mesa diretora, com 5 cadeiras.
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Auditório Pedro Américo
Área de 93,75m², e capacidade para 100 poltronas fixas.
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Sala de Apoio a eventos
Com 98,48 m², contabiliza-se 4 salas de apoio a eventos.
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Restaurante Pedra Bonita
Restaurante panorâmico a 25m de altura, que proporcionava a vista de Cabedelo ao Centro Histórico da capital. Com área total de 952m², possui uma área útil de 674m² e capacidade para 100 mesas. Acesso feito através de dois elevadores e escadas panorâmicas.
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Subsolo
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Biblioteca Juarez da Gama Batista
Área de 3.200m², tem capacidade para abrigar 250 mil volumes e esta localizada no subsolo, acessada por rampas.
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Galeria de Arte Archidy Picado
Sala de Exposição com 200m², em forma retangular.
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Museu José Lins do Rego
Área de 195m², acesso feito através de rampas, com 2,40m de largura e por 10m de comprimento. Piso de cimento, pé direito de 2,6m, e baterias de sanitários.
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Arquivo Histórico
Com 860m², o arquivo histórico guarda documentos históricos oferecendo estudos e pesquisas da História da Paraíba.
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Área Externa
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Estacionamento
Capacidadade para 400 veículos
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Pista de Skate
Pista de skate tipo half-pipe, modalidade vertical.
Baseado no conceito de coberta espacial em formato retangular, a ampla praça está coberta por uma única estrutura metálica, com área de 32mil m2 formando uma malha espacial sustentada por pilares formados por quatro tubos de aço em forma de pirâmide, a mesma conta com seis mil nós confeccionada em tubos de alumínio e foi totalmente implantada independente da construção civil a cada 20m oito tubos de alumino que descem até 3m de altura do piso recolhem as águas das chuvas que caem sobre os canais distribuídos ao longo de toda a praça e refletem permanentemente a arrojada estrutura de alumínio.

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Ficha Técnica

Obra: Espaço Cultural José Lins do Rego
Cliente: Governo do Estado da Paraíba
Local: João Pessoa – PB
Projeto:
Conclusão da Obra:
Área do Terreno: 43.112,00m2
Área Construída: 50.000,00 m2

Térreo - nível +1:( Com áreas planas e em declive)
*Praça do Povo: 31.072,00 m2
*Áreas de serviço e Comercialização: 920,00 m2
*Teatro de Arena Jackson do Pandeiro: 689,00 m2

Semi subsolo - Nível -2
*Planetário: 219,00 m2
*Biblioteca: 3200,00 m2
*Galeria de Arte Archid Picado: 270,00 m2
*Museu José Lins do Rego: 195,00 m2
*Arquivo Histórico: 860,00m2
*Depósito: 120m2
*Camarins e Serviço de Apoio: 381,00 m2
*Rampas de Acesso: 320,00 m2

Pavimento Superior - Nível + 5,20
*Mezanino 1: 2400,00m2
*Mezanino 2:
*Auditório Gazzi de Sá: 234,37 m2
*Cine Bangüê: 835,00 m2
*Teatro Paulo Pontes: 1075,00 m2
*Áreas de Coquetel: 250,00 m2
*Auditório Augusto dos Anjos: 140,63 m2
*Salas de Apoio e Eventos: 98,48 m2
*Restaurante Pedra Bonita: 952,00 m2

Área Externa
*Pista de Skate – Tipo half Pipe
*Estacionamento para 400 carros


Equipe técnica

Projeto de Arquitetura: SBA-Sérgio Bernardes e Associados
Construção Civil: Enarq Arquitetura e Engenharia Ltda.
Estruturas Metálicas: Esmel Indústria de Estruturas Metálicas Ltda.
Projeto de instalação de ar condicionado: Unitemp Instalação Comércio e Indústria Ltda.
Maquinário de ar condicionado: Indústria Hitachi S. A.
Madeira fornecida para o piso do palco: Laminarco Madeira Indústria Ltda
Iluminação e mecânica cênica: ADB do Brasil
Instalação dos equipamentos do Planetário: Carl Zelss
Móveis: M. L. Magalhães Indústria e Comercio de Móveis S. A.
Instalações Hidráulicas e elétricas: Hidrel Hidráulica e Eletricidade Ltda
Sonorização: Eletrônica Macrosom Ltda
Cortinas e equipamentos cênicos: Cineplast Indústria Ltda
Instalação de arquivo: Zornita Arquivos e Equipamentos de Gerência Ltda
Paisagismo: Defesa Ltda.
Vidros: Sesosbra Serviço Comércio e Indústria Ltda.
Painéis acústicos, divisórias e pisos: Indústria Wagner S. A
Revestimento do planetário: Cogumelo Indústria de Componentes para Tratores Ltda
Montagem do equipamento do Planetário: Cetemac Centro Técnico de Manutenção de Aparelhos Científicos Ltda.
Cálculo da acústica: Prof. Carlos Eugênio Helme
Comunicação visual: Escritório Mário Palma


Nota


1 Este texto foi redigido a partir dos resultados de uma pesquisa realizada pelos alunos do Curso de Arquitetura e Urbanismo/UNIPÊ, Anderson L. Brito, Fabíola dos Santos Yogi, Fernanda R. Serrano de Andrade e Katarine de A. Cavalcanti, para a disciplina Restauração e Revitalização I, de 2007, sob a coordenação da Profa. Germana Terceiro Neto Parente Miranda.

Referências Bibliográficas

Arquivo Histórico do Espaço Cultural – Ano: 2007

BRITO,Joaquim Inácio –Fundação Espaço Cultural da Paraíba.

COUTINHO, Marco Antonio Farias. Evolução urbana e qualidade de vida: o caso da avenida Epitácio Pessoa. João Pessoa: UFPB, 2004. (Dissertação de Mestrado).

MACÊDO, Isa Silva de Arroxelas - Pefil Social dos Bairros e aglomerados de João Pessoa - PB.




8 comentários:

  1. Alguém sabe dizer a data da encomenda do projeto?

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  2. Dá uma olhada nestes links:
    http://www.funesc.com.br/cultura/index.php?option=com_content&view=article&id=22&Itemid=64

    http://www.tarcisioburity.com.br/1governo.htm

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  3. ola estou cursando arquitetura e escolhi o arquiteto sergio bernardes, para estudo gostaria de obter,plantas da casa .

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  4. ola...queria saber como voce consegui essas fotos... ja procurei na internet e nao achei! qual a fonte das fotos?

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  5. As fontes das imagens estão no final do texto. Estas imagens publicadas fazer parte do trabalho de pesquisa da equipe. Acredito que a maior parte delas tenham sido obtidas no próprio Arquivo Histórico do Espaço Cultural (FUNESC).

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  6. Caraça!!! Parece que foi um dia desses que fizemos este trabalho. Muito bm relembrar os tempos de faculdade.... Abraço máfia!

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  7. A pesquisa foi efetuada no arquivo da funesc. O material esta meio desorganizado e jogado as traças. Eles não dão muito valor a história do espaço. Mas com paciência da para achar o que se procura. Ats,

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