domingo, 2 de dezembro de 2007

Oliveira Júnior

XII ENGEARQ

Encerrou-se neste último sábado o ciclo de palestras do XII ENGEARQ – Encontro de Engenharia e Arquitetura, organizado pelo Centro de Tecnologia da Universidade Federal da Paraíba com apoio do Instituto de Arquitetos do Brasil – PB, que este ano homenageou o centenário do arquiteto Oscar Niemeyer.

Abertura do evento


Professor Orlando Vilar - organizador


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Ao contrário do que tem ocorrido com outros eventos similares promovidos no território brasileiro, há doze anos o ENGEARQ vem sendo realizado ininterruptamente graças ao titânico empenho do ex-diretor do CT/UFPB, engenheiro Orlando Vilar, um declarado “arquiteto de coração”.
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Há mais de uma década o ENGEARQ tem promovido inesquecíveis conferências e profícuos debates envolvendo a produção de grandes nomes da arquitetura e do urbanismo como Álvaro Siza, Eduardo Souto Moura e José Garcia Lamas (Portugal), Mário Botta (Suíça), Guillermo Vaz Consuegra (Espanha), Jorge Grimberg (Argentina); Paulo Mendes da Rocha, Gian Carlo Gasperini, Marcelo Ferraz , Ruy Othake, Acacio Gil Borsoi, Janete Costa, Mário Biseli, Sigbert Zanettini, João Filgueiras Lima (Lelé), Hugo Segawa e Rosa Grená Kliass (Brasil), entre tantos outros.
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Na última versão do evento destacaria as reflexões do arquiteto Ciro Pirondi, diretor da Escola da Cidade em São Paulo, sobre o discernimento entre informação e conhecimento. O arquiteto enfatiza que apesar de vivermos numa época em que as pessoas têm amplo e praticamente ilimitado acesso a informação há uma abissal diferença entre estar informado dos fatos e ter cultura, sendo esta última de importância vital ao exercício do arquiteto. Nesta direção também apontam o arquiteto e pesquisador Carlos Eduardo Comas, que vê no conhecimento e na crítica o lastro para qualificação da produção arquitetônica, e o sociólogo italiano Domenico Di Masi, que antecipa uma valorização da cultura e da estética para os próximos anos.
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Refletindo sobre o modo de vida acelerado imposto pela sociedade moderna e informatizada, Pirondi aponta para o surgimento de uma corrente contrária, “mais lenta”, onde a qualidade de vida também é determinada pela forma como nos apropriamos do tempo em nosso próprio benefício.
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A palestra do arquiteto Dr. Francisco Gonçalves reuniu diversas pesquisas científicas realizadas na cidade de João Pessoa que questionam a legislação municipal vigente como modelo para disciplinar o gabarito das edificações na orla marítima quanto ao aspecto do conforto térmico urbano. Durante a exposição o professor Gonçalves, apresentando os resultados de medições de temperatura e velocidade do vento em vários pontos da cidade, assim como simulações do ambiente construído em túnel de vento, revelou a existência de diversas ilhas de calor e o possível aumento da temperatura provocado pela atual distribuição e configuração espacial das edificações.
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Marcelo Ferraz

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Ao final do evento o arquiteto Marcelo Ferraz proferiu uma brilhante conferência apresentando o processo de concepção e viabilização de três obras recentes do escritório Brasil Arquitetura: o Museu Rodin, o Conjunto KKKK e o Museu do Pão. Ferraz compartilhou como extrapolar as fronteiras do próprio escritório e seu entorno urbano para identificar vocações latentes em outros espaços e cidades brasileiras. Num exemplo de determinação, visão social e postura ética, mostrou que a arquitetura é um acima de tudo um serviço público, e que ainda é possível sonhar e ajudar a construir uma sociedade melhor.
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No encerramento do debate o professor Orlando Vilar dedicou o evento ao arquiteto Pedro Abrahão Dieb, falecido recentemente, relembrando sua importância histórica pelo pioneirismo e como um dos fundadores do curso de arquitetura da UFPB, ressaltando que o mesmo recebeu, anos atrás, a comenda de Doutor Honoris Causa em nome de Oscar Niemeyer.

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