sábado, 15 de dezembro de 2007

Niemeyer - uma vida dedicada à arquiteura

Oliveira Júnior


Oscar Niemeyer
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O mais consagrado dos nossos arquitetos completa cem anos de existência, setenta deles dedicados à arquitetura. Com uma trajetória de vida ímpar pode-se dizer que Oscar Niemeyer soube aproveitar bem as oportunidades que surgiram na sua vida. O casamento perfeito entre talento, profissionalismo e uma boa rede de relacionamentos projetou meteoricamente a carreira de Niemeyer nacional e internacionalmente.


Lúcio Costa
Foto: Ana Lúcia Arrázola 
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A decisão de trabalhar no escritório de Lúcio Costa e Carlos Leão, mesmo sem remuneração, proporciou-lhe experiências indeléveis como o contato com Le Corbusier e a participação no projeto do paradigmático Edifício sede do Ministério da Educação em 1937.


Igreja da Pampulha - Belo Horizonte
Ministério da Educação - Rio
.A amizade com o prefeito de Belo Horizonte, Juscelino Kubitscheck, rendeu-lhe o primeiro trabalho individual aos 33 anos de idade. O Conjunto da Pampulha, concluído em 1943, conferiu-lhe visibilidade internacional e muita polêmica, delineando sua afinidade com as linhas curvas e o uso do concreto.


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Anos mais tarde, o amigo Juscelino, agora presidente, convidou para realizar o seu mais importante projeto: a nova capital nacional, Brasília.
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Catedral de Brasília
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Nem mesmo o golpe militar e a instalação da ditadura no país conseguiu arrefecer o fenômeno Niemeyer. Tolhido das encomendas no território brasileiro e perseguido pela sua posição política, o comunista resolveu auto exilar-se na França e continuou a projetar para outros países.
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Sede do Partido Comunista - Paris
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O retorno do mestre ao Brasil coincide com o período de abertura poítica. Nesta nova fase o espírito jovem e inquieto de Niemeyer produz obras extremamente criativas e surpreendentes como o Memorial da América Latina em São Paulo.
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Memorial da América Latina - São Paulo
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Aos 89 anos, a exemplo de Wright no auge da maturidade, reafirma a força criadora do seu traço ao conceber uma de suas mais belas obras: o Museu de Arte Contemporânea de Niterói.
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Museu de Arte Contemporânea de Niterói
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Com a aproximação do centenário do arquiteto, houve uma correria desenfreada entre personalidades políticas de todo o Brasil para realizar um projeto do gênio vivo em suas cidades e inaugurá-las preferencialmente ainda em seus mandatos. Quem sabe o último ato criador do mestre? Essa postura político-administrativa já recebeu duras críticas como a "Carta aberta ao arquiteto Oscar Niemeyer" da autoria de Sylvio de Podestá. Se o político Juscelino Kubistcheck ficou imortalizado pelas realizações de Oscar, parece que essa fórmula ainda pode ser útil nos dias de hoje.
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Estação Ciência Cultura e Artes em João Pessoa - cenário magnifíco e proposta "tímida"
O que se esquece neste caso é que Juscelino era antes de tudo um visionário, e se não foi o criador do mito Niemeyer certamente foi um dos seus maiores mecenas. Guardadas as críticas que se possam fazer ao político, o Brasil muito se ressente de lideranças que, movidas pelo espírito vanguardista, possam revelar novos talentos e projetar outra vez o conjunto da produção arquitetônica brasileira no cenário internacional.



Juscelino Kubistcheck

Acostumado a grandes polêmicas, Niemeyer, nosso arquiteto maior, segue incólume produzindo criativamente, ignorando as limitações impostas por um século de existência.
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Pout-pourri das obras de Niemeyer

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