terça-feira, 30 de junho de 2009

A. Suassuna, M. Suassuna, M. Santana, M. Mendonça e M. Peixoto

Concurso - Sede do CREA-PR




















Memorial

Partido arquitetônico

Expressar forte caráter institucional compatível com o Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia do Paraná, através da arquitetura. Em outras palavras, signo urbano e significado funcional formam a união necessária para a eficiência dos serviços prestados a sociedade e para a pertinente inserção urbana do CREA-PR na escala do bairro Centro Cívico. Desta intenção, surgiu à concepção de um edifício conciso e racional cujas preocupações projetuais visaram atender a três pressupostos essenciais:

(1) Identidade formal propício para o edifício se tornar um marco urbano;
(2) Respeito à escala humana e ao espaço público a partir do recuo frontal aberto e da generosa rampa de acesso;
(3) E resposta as necessidades programáticas previstas no edital, aí inseridas princípios de eco-eficiência e conforto ambiental.

O corpo volumétrico é composto por um macro prisma de seis pavimentos que fora lapidado, cujos vazios resultantes tem a mesma importância das partes sólidas da edificação e para a sua intrínseca relação com a escala urbana. Para os acessos dos possíveis usuários ao edifício passa-se por uma breve promenade arquitetural cuja apreensão espacial é favorecida pelo pórtico que abraça o vazio no coroamento do prédio. Assim, a monumentalidade do gesto expressa a importância do fato arquitetônico institucional.
A solidez do prisma é equilibradamente desmaterializada pelos planos transparentes de vidro na fachada frontal, proporcionando diálogo entre robustez e leveza. Além do mais, o vidro confere a permeabilidade visual entre os espaços externo e interno e simbolizando a abertura do conselho para o uso público. Ainda neste espaço de chegada, um pouco mais acima, uma caixa de vidro suspensa tenciona levemente a volumetria ao mesmo tempo em que há a possibilidade do presidente do CREA-PR visualizar o movimento de chegada dos usuários e da paisagem urbana.
Implantação tira partido da forma do lote, da topografia, e dos parâmetros legais, estabelecendo a hierarquia programática-funcional a partir do aproveitamento do relevo do terreno e da verticalização espacial. Desta forma, a cota + 1.20m em relação à calçada, cujo acesso se dá por uma rampa com inclinação de 8,33%, se encontra o atendimento ao público da Regional.
Conforme edital, o controle único dos acessos de veículos automotores é realizado por uma guarita que é incorporada na plástica do edifício maior, inserindo-se sob este, como medida projetual que evita a deselegante solução de anexo no recuo frontal.
Passando por esta, chega-se aos estacionamentos dos visitantes na cota 0.00, sendo possível entrar pelo acesso lateral onde se encontra o hall dos elevadores, podendo este ser devidamente isolado quando da utilização do plenário no penúltimo pavimento, durante o período noturno. Quanto às vagas de estacionamentos para os funcionários do conselho, o estudo arquitetônico apresentado soluciona a demanda de 80 vagas com um subsolo.
A resolução funcional da proposta se encerra no último pavimento, com um terraço panorâmico que qualifica a espacialidade do salão de eventos, sendo mais uma alternativa para atividades coletivas ao ar livre. Estrategicamente posicionado, este ambiente recebe os ventos favoráveis do nordeste e permite a contemplação da paisagem do entorno. Pela sua independência de acesso, pode ser utilizado separadamente das atividades cotidianas do conselho, a exemplo do plenário.

Sistema estrutural e Materiais construtivos
A concepção estrutural do estudo apresentado corresponde a intenção primordial de vencer grandes vãos para permitir uma maior flexibilidade nos espaços de trabalho. Partido de múltiplos de 1,25m (módulo de referência para racionalidade construtiva), a estrutura adotada foi a mista, associando laje nervurada em sua predominância, vigas e pilares em concreto armado, e elementos estruturais metálicos em trechos específicos e de acordo com a particularidade projetual. A escada no vazio central deve ser metálica, pela leveza física e estética, inserindo-se no espaço interno, como uma escultura suspensa no ar.
A modulação adotada parte de dois eixos:
No eixo longitudinal os vão são de 10m. Quanto ao transversal, a locação dos pilares procurou adequar as necessidades funcionais por pavimento à racionalização dos esforços estruturais, tomando partido dos balanços nas extremidades, na tentativa de otimizar a relação vãos/balanços.
Já no plenário e salão de eventos, devido a eliminação de pilares nesses ambientes e pela necessidade de vencer vão generosos, vigas metálicas e telhas zipadas com tratamento termo-acústico (na coberta do salão de eventos) foi a solução estrutural mais indicada.
Em relação a verticalização, foi estabelecido nos pés-direitos, altura de 3.50m, altura essa indicada para passar, nos entreforros, parte significativa dos cabeamentos elétricos, de telefonia e lógica, medida que favorece inclusive na flexibilidade dos espaços já que não há necessidade de cortar pisos e paredes quando da alteração de layouts nos ambientes de trabalhos.
Nas vedações, placas pré-moldadas de concreto leve, revestidas em Fulget (espécie de granilite) foram os materiais escolhidos para as partes externas, pois concilia rapidez na execução, eficiente acabamento e durabilidade, harmonizando, sobretudo, estética e custo-benefício ao longo dos anos de vida da edificação. No interior, são sugeridas divisórias pré-moldadas em gesso acartonados (dry-wall).

Acessibilidade
O edifício foi pensado para atender as normas brasileiras de acessibilidade universal a fim de garantir a plena acessibilidade dos usuários de cadeira de rodas. Para tal, os cuidados aparecem desde a inclinação da rampa de acesso principal do prédio (8,33 %) e se estendem na previsão de vagas especiais para pessoas com deficiência nos dois níveis de estacionamento; na criação de banheiros adaptados em todos os pavimentos, com barras de apoio, lavatórios especiais e dimensões necessárias para o giro da cadeira de rodas; na utilização de bebedouros acessíveis em todos os andares e no dimensionamento dos corredores de circulação internos dos pavimentos com no mínimo 1,50 m de largura e nas circulações principais dos pavimentos com 2,50 m de largura. Buscou-se com essas ações tornar o prédio acessível a todos que venham utilizar de seus serviços com praticidade e facilidade de circulação.

Eco-Eficiência e conforto térmico e lumínico
O projeto prevê soluções de aproveitamento da iluminação natural e do controle do calor nas superfícies. Para isso adota brises de alumínio articuláveis e perfurados que se projetam de fronte das fachadas norte e sul, racionalmente envidraçados. Este artifício permite ainda que as esquadrias de vidros nos ambientes de trabalho possam abrir para captar a luz e ventilação naturais predominantes, optando pela não utilização do ar condicionado, aqui sugerido o sistema de equipamento tipo splits, resultando em mais uma importante providência eco-eficiente adotada. Os condensadores podem ser abrigados numa área técnica central, próximo dos elevadores.
A cobertura translúcida capta a luz natural que banha o grande vazio com altura total do edifício e saída para circulação do ar, sendo esta outra medida que economiza energia pela manhã e a tarde.
Para aproveitar a energia solar e contribuir econômica e ecologicamente, foram inseridas na proposta, placas fotovoltaicas que estão na cobertura. Já na fachada oeste, o plano do vidro é recuado: no verão o sol não incomoda e no inverno é satisfatório;
Quanto ao aproveitamento das águas pluviais, dutos captam estas deste as calhas da cobertura e distribuem para os pavimentos-tipo para utilização nos sanitários nas caixas de descarga acopladas. Outra parte das águas da chuva também pode ser reutilizada através de cisternas no subsolo, servindo para irrigação e outros usos em determinados setores do edifício. Os shafts e prumadas ficam estrategicamente no centro da edificação, medida essa que possibilita economia em cabeamentos e dutos nos sistemas hidro-sanitários e elétricos. É também no núcleo do edifício que se encontra, na cobertura, o reservatório superior.

Custos

Buscou-se alternativas para redução de custos, tais como a racionalização da estrutura principal de concreto, por meio do uso de estruturas moduladas que garantem a otimização das formas de preenchimento e da multiplicidade dos pavimentos. O controle de qualidade da execução da super-estrutura acarretará em redução de sobrecargas quando da aplicação de pisos e de seus respectivos acabamentos.
A utilização de fechamentos em gesso acartonado torna mais rápido a execução da obra, bem como reduz as sobrecargas estruturais nas fundações. Para os forros optou-se pelos removíveis que facilitam a passagem de instalações bem como as manutenções futuras. A utilização das divisórias e forros derivados de múltiplos de 1.25m, também favorece a eliminação de desperdício, tendo reflexo direto na otimização dos custos.
Pretende-se que a implantação dos brises móveis projetados para a proteção das fachadas norte e sul ajudem no controle da iluminação necessária para o bom funcionamento das jornadas de trabalho no edifício, minimizando os custos com sistemas de iluminação e de resfriamento mecânico.

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Ficha técnica:
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Arquitetura: Alexandre Suassuna, Marco Suassuna, Marcos Santana, Mayara Mendonça e Matheus Peixoto
Estudo preliminar: 2009
Local: Curitiba-PR
Imagens e croquis cedidos pelos arquitetos









segunda-feira, 29 de junho de 2009

Recado para Oscar

Fernando L. Lara¹



O telefone tocou no meio da noite e ele atendeu rapidamente, saltando da cama como se um século não pesasse nos ombros nem nas pernas. Do outro lado da linha uma voz conhecida mas que ele não ouvia a mais de 15 anos.
- Oscar?
- Sim, sou eu, quem fala?
- É o Roberto, Roberto Burle Marx. Quanto tempo hein Oscar? Nunca pensei que ia demorar tanto pra você vir pra cá. Olha, desculpa o mau jeito de te ligar assim no meio da noite. É que essas conversas só funcionam quando vocês vivos estão meio dormindo meio acordados. Olha Oscar, nós andamos conversando muito sobre você nos últimos anos. Impressionante como os anos passam depressa aqui, acho que diante da eternidade tudo fica minúsculo..... mas sobre isso a gente conversa depois quando você chegar. O Lucio foi contra, acha que você não vai ouvir, mas o resto do pessoal me pediu pra te dar o recado. É o seguinte, nós estamos todos preocupados com o que você anda fazendo atualmente. Cada prédio mal detalhado, mal construído. Para Oscar. Para e vai curtir as homenagens que você merece. Vai desenhar suas mulheres curvilíneas e para de desenhar esses prédios com curvas sem sentido. Se for por dinheiro arruma um jeito de vender seus desenhos. O Corbusier fez isso quando viu que seus projetos já não tinham a mesma força. Eu também passei a pintar mais e projetar menos quando percebi que os jardins já não saiam com a mesma vivacidade. E com esses prédios sem graça você está arruinando a sua biografia Oscar. Aquele moço do New York Times escreve muita bobagem mas acertou na mosca em 2007 quando disse que você estava vivendo o suficiente para estragar sua própria obra. O Charles Moore ficou muito meu amigo (não sei como não o conheci antes, um amor o Charles) e sempre fala do arrependimento de fazer aquela Piazza di Italia em New Orleans. Uma pracinha a menos e a obra do Charles ficaria muito mais íntegra. Você já acumula uma dezena de “piazzas” Oscar e ainda quer fazer uma grande bem no meio do eixo monumental! Já não basta enfiar um auditório no meio da Casa do Baile, aquela biblioteca sem livros em Brasília ou esse Centro Administrativo no caminho de Confins. Aliás, passa em Confins pra você lembrar a beleza do detalhamento do Milton. Se você ainda tivesse gente como o Milton ou o Lelé pra detalhar seus esboços.... Você não precisa disso Oscar, já é de longe o mais importante arquiteto das Américas no século XX (o Frank tá aqui resmungando mas pra começar ele nasceu no século XIX). Desenhe Oscar. Escreva Oscar. Esse negócio de arquitetura dá trabalho demais e quando feito as pressas fica muito ruim. Olha, tá todo mundo mandando um abraço e dizendo pra você demorar bastante. Na verdade a gente morre de inveja da sua longevidade (e alguns do seu talento).
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algum tempo depois ele acordou e foi se vestir. Ia receber muita gente no escritório para mostrar mais um projeto (desenhado ontem) para mais um político enraizado nas idéias e nas formas do século passado.



Nota
1. arquiteto, professor da University of Michigan, EUA, especialista em habitacao com enfase na disseminacao do chamado Movimento Moderno.

quinta-feira, 25 de junho de 2009

TYIN Tegnestue

Soe Ker Tie House, Noh Bo, Tak, Tailândia



TYIN tegnestue é uma organização sem fins lucrativos que trabalha através da arquitetura humanitária. TYIN é formado por cinco estudantes de arquitetura do NTNU e os projectos são financiados por mais de 60 empresas norueguesas, bem como por contribuições privadas.

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No outono de 2008 TYIN viajou para Noh Bo, uma pequena aldeia na fronteira Tailândia-Birmânia. A maioria dos habitantes são refugiados Karen , muitos deles crianças. Estas eram as pessoas para as quais queríamos trabalhar.


Através do curso do ano passado TYIN tinha trabalhado com planejamento e construção de projetos de pequena escala na Tailândia. Nosso objetivo é construir projetos estratégicos que podem melhorar a vida das pessoas em situações difíceis. Através de extensa colaboração com a população local, e de aprendizagem mútua, nós esperamos que os nossos projetos possam ter um impacto para além das estruturas físicas.
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Poucos meses antes viemos em contato com o norueguês Ole Jørgen Edna de Levanger. Edna começou seu orfanato em Noh Bo, em 2006, e agora surgiu a necessidade de mais dormitórios. Inicialmente abrigando 24 crianças, o orfanato iria crescer para cerca de 50. O projeto da Soe Ker Tie House foi concluído em Fevereiro de 2009. A principal força motriz por trás do projeto foi de recriar algumas experiências que estas crianças teriam em uma situação normal. Queríamos que cada criança tivesse seu próprio espaço privado, uma casa para viver e uma vizinhança onde pudessem interagir e brincar. Estas seis unidades de dormir são a nossa resposta a esta questão.
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Devido às suas aparências os edifícios foram nomeados Soe Ker Tie Hias pelos trabalhadores; As casas borboletasA técnica de tecelagem em bambu utilizada na lateral e fachadas traseiras é a mesmo utilizada em casas locais e artesanato. A maior parte do bambu é colhida a poucos quilômetros do local. A forma especial telhado da Soe Ker Tie Houses permite uma eficaz ventilação natural, ao mesmo tempo que recolhe a água da chuva. Isso torna as áreas em torno dos edifícios mais útieis durante a estação chuvosa, e dá a possibilidade de coleta da água em períodos secos. A construção é de ferro madeira pré fabricados e montados no local, utilizando parafusos para assegurar razoável precisão e força. A maioria dos materiais é emitido pela Karen National Union na Birmânia, e esta dependência da madeira tropical levou a uma linha de difíceis e complexos problemas a serem abordados.


Ao elevar os edifícios a partir do solo, em quatro bases envolvidas por pneus velhos, problemas com a humidade e apodrecimento da construção são evitados. Seis meses após um longo processo de aprendizagem mútua com os habitantes locais em Noh Bo esperamos que tenhamos deixado para trás algo útil. Princípios importantes como economia de materiais e prevenção de umidade podem eventualmente levar a uma tradição de construção mais sustentável no futuro.
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Ficha técnica

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Arquitetura: TYIN Tegnestue
Localização: Noh Bo, Tak, Tailândia
Equipe do projeto: Pasi Aalto, Andreas Grøntvedt Gjertsen, Yashar Hanstad, Magnus Henriksen, Line Ramstad, Erlend Bauck Sole
Cliente: Ole Jørgen Edna
Programa: 6 unidades de dormir
Orçamento: 68.000 coroas norueguesas (aprox. US $ 10,000)
Ano do projeto: novembro de 2008 - Fevereiro 2009
Fotografias: Pasi Aalto
Site: www.tyintegnestue.no

domingo, 21 de junho de 2009

Antonio C. X. Massa, Ernani H. Júnior e Silvia Muniz

Mr Pizza, João Pessoa - PB














Planta acima: semi subsolo (salão reservado e apoio)
Planta abaixo: térreo (salão, atendimento e cozinha) e semi elevado (administração e apoio)
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Ficha técnica
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Arquitetura: Antonio Cláudio X. Massa e Ernani Henrique Júnior
Interiores: Silvia Muniz
Local: Manaíra, João Pessoa - PB
Imagens cedidas pelos arquitetos
Croquis: Ernani Henrique Júnior