segunda-feira, 23 de junho de 2008

Bruno Atayde

Base de Apoio ao Projeto Peixe-Boi Marinho
Mamanguape - PB













Vista Aérea
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Vista do rio Mamanguape
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Bloco Turístico
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Estacionamento e Acesso Social

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Bloco Administrativo

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Bloco de Apoio e Serviços
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Bloco de Hospedagem

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Vista Aérea Implantação

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DIRETRIZES
Na prerrogativa de fomentar o turismo na Base de apoio ao Peixe-boi Marinho, Barra de Mamanguape-PB e proporcionar um melhor desempenho das atividades científicas realizadas, aliado a uma política de preservação ambiental em conjunto com a comunidade local, estabelece-se diretrizes baseadas na sustentabilidade como approach dos conceitos bases buscados pelas três premissas: projeto científico realizado, a educação ambiental e o turismo.
Diante do exposto, os princípios utilizados na proposta projetual perfilam três relevantes conceitos de sustentabilidade, identificados por Juliana Nakamura, num artigo publicado na edição de janeiro de 2006 da Revista Arquitetura e Urbanismo: Casa Ecológica, construções integradas ao meio ambiente, onde utiliza-se de recursos naturais locais sem a geração de resíduos que degradem o meio ambiente, dispensando o processo industrial; Green Building, construções com fontes de energia alternativa, maximização da iluminação natural, preservação de áreas verdes ou nativas e boa qualidade de ar interno;
Desenvolvimento sustentável, desenvolvimento que permite a satisfação das necessidades básicas e aspirações do bem-estar da população sem comprometer as a possibilidade de as gerações futuras estabelecerem suas próprias necessidades e aspirações.
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ZONEAMENTO
O zoneamento proposto parte da utilização das clareiras encontradas, associado aos estudos de fluxo das atividades, numa prerrogativa de intervir o mínimo possível na área. No entanto, preservando os remanescentes de mata de restinga existente, as edificações permeiam pelas árvores de replantio, buscando uma integração do construído com o meio ambiente local.
Os blocos são dispostos, basicamente, seguindo uma linearidade, rente e distante 30 metros da margem do rio. Tal postura foi adotada em decorrência da necessidade de ligação direta com o rio tanto por parte do bloco veterinário, tendo em vista o deslocamento das embarcações e manejo de materiais, quanto por parte do bloco turístico, priorizado a vista panorâmica do contexto natural, ambos nas extremidades dessa linearidade, intermediados pelo bloco administrativo.
Locado mais ao sul, numa clareira existente, propõe-se a implantação do bloco de alojamento que, pelo seu caráter mais restritivo, distancia-se dos blocos de maior dinâmica funcional.
O estacionamento, locado na única fachada de acesso do lote, busca uma fluidez natural, ampliado através da continuidade espacial pela ausência de fechamentos, evidenciando assim o bloco turístico, que saca para esse espaço, impondo seu volume e apresentando o acesso principal ao público.
O acesso de serviço se dá por uma porteira voltada para o estacionamento, a qual direciona-se em suas laterais para o bloco administrativo ao norte e ao bloco de alojamento ao sul, tendo em frente, o acesso de automóveis e/ou deslocamento das embarcações para a garagem no bloco veterinário.
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PARTIDO ARQUITETÔNICO
O partido arquitetônico adotado parte de um estudo tipológico realizado na região, onde se registra as técnicas construtivas encontradas no local como um acervo iconográfico para a proposta. Nessa prerrogativa, verifica-se uma substituição gradativa da utilização de taipa por alvenaria de tijolos, fator de influência da crescente especulação imobiliária na área. Por outro lado, nota-se a remanescência dessa técnica nas edículas existentes nos fundos das casas, evidenciando a persistência do forte caráter da arquitetura vernacular local. Dessa forma, adota-se a taipa como referência projetual na concepção da proposta, fazendo um releitura da composição plástica da técnica. Para tanto, utiliza-se da madeira como elemento base no arranjo tipológico, agregando os conceitos sustentáveis mencionados, bem como um conforto térmico dos ambientes à uma proposta contemporânea e de arquitetura marcante.
A coberta se mantém na configuração predominante na região, em duas águas, porém apresentada de forma mais arrojada, com características próprias, que dão uma identidade à composição da tipologia e oferece uma melhor exaustão do ar quente, tendo em vista a abertura proposta no encontro das águas.
No intuito de preservar o ecossistema natural local, propõe-se uma elevação do piso dos blocos em 70cm do solo, viabilizando o fluxo de espécies remanescentes da fauna, como também as espécies vegetais nativas, proporcionando uma maior interação da edificação com a natureza.
Como fortalecimento dessa integração, os blocos apresentam seus fechamentos laterais, quando não por esquadrias de vidro em moldura de madeira, com brises horizontais em ripado de madeira, remetendo à técnica da taipa, onde ao mesmo tempo que integra os ambientes à natureza, separa fisicamente as atividades, fazendo menção aos conceitos de sustentabilidade da casa ecológica pela utilização integral da ventilação e iluminação natural.
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MATERIAIS CONSTRUTIVOS
Partindo do principio sustentável de utilização de matérias sem a geração de resíduos sólidos que degradem o meio ambiente, a proposta utiliza-se basicamente de três materiais construtivos: vidro, alvenarias de solo-cimento e madeira de reflorestamento coberta em telha canal.
O vidro apresenta-se como produto fomentador da sustentabilidade na edificação tendo em vista sua permeabilidade visual, propagando a luz natural para o ambiente interno, minorando assim o consumo energético.
Utiliza-se da alvenaria de tijolos solo-cimento nos fechamentos laterais de ambientes que carecem de uma maior privacidade, como também em áreas molhadas. Seu emprego vem se consagrando como uma tecnologia alternativa por requerer o solo como matéria prima, este encontrado em abundância na natureza, disponível geralmente no local da obra e de fácil processo construtivo, podendo ser rapidamente assimilado por mão de obra ainda não qualificada.
Tal material apresenta ainda excelentes condições de conforto e de resistência, além de uma perfeita impermeabilidade, resistindo ao desgaste do tempo e da variação de umidade, fortemente presente na área.
A aplicação do chapisco, emboço e reboco são dispensáveis devido ao acabamento ao acabamento liso das paredes monolíticas, em virtude da perfeição das faces (paredes) prensadas e à impermeabilidade do material, sendo necessário pois, apenas uma aplicação simples de pintura com tinta à base de cimento, ampliando o índice de impermeabilidade, bem como o aspecto visual, conforto e higiene.
A madeira utilizada, especificadas com o selo de reflorestamento, vem se apresentando como alternativa de sucesso, empregada com bastante êxito por todo o país, fazendo-se necessário, portanto, um processo de tratamento da mesma, garantindo a qualidade e longevidade do produto.
Sendo assim, propõe-se a confecção de toda a estrutura das edificações em madeira, com fundações em concreto armado tendo seu piso em pranchas de mesmo material e fechamentos laterais com esquadrias de vidro emoldurados também de madeira. Os engastes das vigas
e balanços nos pilares dão-se por ferragens em aço tratado.
Para o fechamento superior das edificações, buscou-se manter a mesma leitura das construções encontradas em abundância na região. A telha canal aparente sobrepõe-se à estrutura de madeira numa inclinação satisfatória a oferecer um maior conforto no prolongamento do seu beiral, quanto na amplitude proporcionada pelos vão internos.
Utilizou-se ainda de calhas de drenagens pluviais, recolhidas em tubos de PVC aparente na fachada, recolhidas em caixas de concreto ao nível do solo, as quais direcionam as águas ao reservatório central, de modo a utilizar-se da água para fins não potáveis.
O abastecimento de água na base realiza-se através de poços existentes, que levam a água para as caixas d’água encontradas no volume do mirante, o qual possui uma cobertura em fibra de vidro, embutindo-se na estrutura ripada de fechamento do mesmo.
Como alternativa para o consumo de energia, propõe-se a utilização de placas fotovoltaicas no bloco de alojamento, destinadas ao aquecimento de água dos banheiros através da captação de energia solar. Tal iniciativa parte dos conceitos sustentáveis de alternativas de captação de energia, entretanto, com a oferta da rede hidrelétrica de abastecimento, também configurada como produção sustentável, uma vez que se renovam as fontes de produção da mesma, manteve-se o abastecimento integral da base pela rede pública de energia elétrica.
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PROGRAMA
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Estacionamento
Localizado na única fachada acessível do lote, o estacionamento busca integrar o espaço externo para dentro da base, configurando um espaço amplo, quebrado pelo volume que do bloco turístico que saca como querendo descobrir a paisagem do rio, encoberta pela vegetação de mangue.
Não possuindo pavimentação na área de taxiamento, uma calçada de borda faz-se presente, direcionando o visitante ao acesso de público. Por outro lado, a entrada de serviço segue por uma porteira de madeira que restringe a entrada aos
automóveis da instituição, além de viabilizar um acesso de pedestres restrito aos funcionários.
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Bloco Turístico
Locado na extremidade leste do lote, apresenta-se como único bloco a gozar de uma vista panorâmica do estuário do rio. Sua disposição acolhe os visitantes chegados pelo estacionamento, adentrando por rampa ou escada, ladeando um volume de cor marcante que saca do bloco, abrigando a Oficina Peixe-boi, e dando visibilidade ao trabalho artesanal realizado. Chegando pela recepção, o visitante já visualiza ao fundo da mesma, suvenires e acessórios da loja ali encontrada. Um amplo hall de exposições aponta para o leste, vislumbrando através das esquadrias de vidro toda a paisagem do estuário e seu encontro com o mar. Um deck se prolonga no sentido do bloco, dispondo de cadeiras e mesas oferecidas pela lanchonete que se apresenta. Ao fim do bloco, um auditório exibe vídeos na temática ambientalista, em especial ao peixe-boi marinho, além de voltar-se à utilização da comunidade em ocasiões de palestras entre outras manifestações educacionais.
Seguindo para este auditório encontram-se duas baterias de banheiros e vestiários, feminino e masculino, adaptados, como toda a edificação, a receber Portadores de Necessidades Especiais (PNE). No lado sul da edificação segue uma circulação voltada para serviço, a qual leva aos blocos administrativo e veterinário. Na face norte, perfilando a margem fluvial, o deck encontrado segue rio adentro num píer flexível à maré, ladeado por um mirante vertical de volumetria imponente, contando na outra face da passarela com chuveiros para asseio rápido, e seguindo por sobre a água, tornando mais cômodo a embarcação às canoas rumo a visitação ao cativeiro natural do peixe-boi marinho.
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Bloco Administrativo
Seguindo por uma passarela elevada, reforçando o contato com a paisagem, o bloco administrativo se faz presente com seu volume de brises, barrando a visibilidade direta aos ambientes internos, e proporcionando uma expansão desses ambientes para com o entorno.
Responsável pela administração da base, o bloco abriga a sala do executor do projeto, secretária, sala de reuniões, almoxarifado e arquivo morto, contando ainda com sala de pesquisa, sala dos estagiários e uma pequena biblioteca, de acesso eventual à pesquisadores externos.
O bloco administrativo oferece acesso para os três demais blocos do parque, possuindo um acesso lateral de serviço, que segue para o bloco mais restrito de alojamento.
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Bloco Veterinário
Apresentado como bloco técnico da base, denota-se como o mais voltado à atividade de pesquisa propriamente dita, encontrando a sala de veterinário, sala de necropsia (com depósito), um banheiro de funcionários e sala de manejo dos alimentos, tendo em vista a necessidade manipulação e acondicionamento das algas marinhas, alimento dos peixes-bois.
O bloco conta ainda com um depósito geral da base, ladeado pela garagem de automóveis e embarcações utilizadas no Projeto, esta pavimentada com ecoblocos, possibilitanto a permeabilidade do solo assegurada na proposta. Prolongando-se nessa pavimentação, uma rampa de mesmo pavimento segue em direção ao rio, viabilizando o deslocamento das embarcações à água.
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Bloco de Alojamento
Reservado ao sul do lote, o alojamento destaca-se por diferenciar-se na forma seguida pelos demais blocos. No entanto, de caráter mais intimista, o bloco dialoga com seu entorno naturais e construído de forma a manter a tipologia adotada e integração com o meio natural.
Encontram-se locados nesse setor os apartamentos, num total de 04, sendo um adaptado aos PNE, um destinado a casais de pesquisadores que alojam-se na base, e um masculino e feminino, comportando cinco pessoas cada quarto, todos configurados como suítes. Uma sala de estudo, uma de jantar e um de estar compõe o programa de necessidades, somado ao setor de serviços como um banheiro social, uma cozinha, uma despensa e uma área de serviço. Necessário ainda se fez um apoio aos funcionários, espaço que não fossem nem alocados nos demais blocos, nem interferissem no funcionamento do alojamento, porém agregado ao mesmo, e possuindo acesso ao setor de serviço, tendo em vista que toda a manutenção do bloco, bem como a utilização da cozinha são realizados pelos funcionários.
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Ficha técnica:
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Projeto Final de Graduação
Instituição: Unipê
Ano: 2007
Orientador: Oliveira Júnior
Imagens 3D: Frankie Muniz

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