terça-feira, 20 de abril de 2010


Com a luz do nordeste. A arquitetura de Vital M. T. Pessôa de Melo (1)
Clara Reynaldo *


Influenciado pelo arquiteto carioca Acácio Gil Borsoi, em cujo escritório trabalhava como desenhista desde 1952, Vital M. T. Pessôa de Melo (Recife, 1936) ingressa, em 1957, no curso de arquitetura da escola de Belas Artes de Pernambuco. Este fora criado em 1932 segundo os princípios do movimento moderno quanto à formação dos arquitetos e, conseqüentemente, quanto ao repertório da arquitetura e do urbanismo pernambucanos.
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As referências modernistas defendidas por Le Corbusier no Congrés International d’Urbanisme de Strasbourg, em 1923, repercutiriam no Brasil a partir de 1929, quando o arquiteto visita o País pela primeira vez. Nesta ocasião, o jovem arquiteto Lucio Costa, então Diretor da Escola Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro, assiste à palestra proferida pelo grande arquiteto franco-suíço e encontra na estética moderna os argumentos para a formação profissional dos novos arquitetos brasileiros. A partir de então, passa a defender uma transformação radical do curso de arquitetura, até aquele momento identificado com as formas da arquitetura do período colonial.
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Era necessário se aproximar do ideário estético e das novas possibilidades oferecidas pelo avanço tecnológico, tanto em termos estruturais, quanto em relação ao uso de novos materiais. Para tal, seria preciso aparelhar a escola de um “ensino técnico-científico que orientasse o artístico no sentido de uma perfeita harmonia com a construção”, defendia Lucio Costa, que também queria que os estilos históricos fossem estudados como disciplina e jamais para aplicação direta.
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Em Recife, a repercussão dessas idéias ocorre ainda na metade da década de 30, disseminada pelas obras de arquitetura moderna de Luiz Nunes, então nomeado para organizar uma inédita repartição de arquitetura no âmbito da Secretaria de Obras Públicas da administração estadual de Pernambuco. Atuação esta que possibilita a propagação dos novos métodos construtivos e de novos materiais ou de seu emprego de maneira pouco usual, em um ousado programa de elaboração de obras públicas. Na parte estrutural, a preocupação foi com a economia, obrigando o arquiteto e o engenheiro calculista a estarem em perfeita harmonia.
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As novas informações são então filtradas para uma perfeita adaptação às condições climáticas da região – neste caso, o castigante clima tropical, quente e úmido, do litoral do nordeste brasileiro. Possibilitam-se, assim, grandes vãos de abertura, novos tipos de esquadrias e a renovação do emprego do cobogó no uso de planos ventilados, transparentes e para a proteção solar.
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É neste cenário de efervescência do debate e da produção moderna que se dá a formação, inicialmente prática e mais tarde acadêmica, de Vital. Ele amplia a sua convivência com o ideário modernista por intermédio de professores em sua grande maioria comprometidos com essa estética, destacando-se entre eles Edgar d’Amorim, Evaldo Coutinho, Ayrton Carvalho, Antônio Baltar, Pelópidas Silveira, Fernando Menezes, o carioca Acácio Gil Borsoi e o português Delfim Amorim. Merece destaque especial o arquiteto Borsoi por sua atuação tanto na academia quanto como arquiteto da Prefeitura do Recife e assessor técnico da Diretoria do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, atual IPHAN, a partir de sua chegada em Recife, em 1951.
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No âmbito nacional, o fim da ditadura Vargas trouxe um período de otimismo. “(Havia) muita esperança e liberdade, queria-se reconstruir o País”, lembra Borsoi, com entusiasmo. A arquitetura ganha importância e notoriedade com a ajuda da visibilidade de projetos como os da Pampulha e de Brasília, além da organização, em nível nacional, do IAB (Instituto de Arquitetos do Brasil), fato importante para a atuação e a regulamentação da profissão.
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Após cinco anos de parceria profissional com Borsoi, em 1966 Vital abre seu próprio escritório. Nos primeiros anos desenvolve residências unifamiliares nas quais retrata o compromisso com o modernismo pelo uso de linhas ortogonais, do diálogo entre a estética e as condições técnicas, da integração entre os ambientes internos e externos e da adequação ao clima. Esta última é uma das principais regionalizações do movimento. Com eco nas principais cidades do País, a adaptação do espaço construído ao clima está expressa na preocupação com a insolação, a luz abundante, a direção dos ventos e o melhor aproveitamento destes. Requer da linguagem tipológica “o uso de terraços, grandes beirais e muita sombra”, segundo o mestre Borsoi.
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Da produção desses primeiros anos, merece destaque a residência Emir Glasner (1972), pela setorização dos usos, pelos beirais de proteção nos quartos do primeiro pavimento, que possibilitam amplas zonas de sombra no térreo, e pela acentuada inclinação da coberta. Esta, além do conforto térmico gerado pelo aumento do volume de ar do ambiente, possibilita a construção do mezanino, solução também adotada no escritório do arquiteto (1971). Alternativas adequadas às características climáticas e sócio-econômicas da região e coerentes com os preceitos do pensamento modernista. A casa conta ainda com o largo uso do concreto aparente, amplos vãos com esquadrias em veneziana de madeira e jardim de Burle Marx.
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Em 1971, Vital e o também arquiteto Reginaldo Esteves projetam a sede da Celpe (Companhia de Eletrificação de Pernambuco). O condicionante do terreno no desenho do edifício, o uso de brises de concreto e a plasticidade dos volumes são os elementos de destaque. O conjunto, preservado em nível municipal, é composto de quatro blocos com alturas e usos diferentes, cujas fachadas principais têm planos de vidros protegidos por brises de concreto pré-moldado, posicionados de acordo com o gráfico de insolação. Um jardim projetado por Burle Marx delimita a esquina e completa a obra, conservada tal qual o projeto original.
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Na área residencial, a produção mais expressiva de Vital foi desenvolvida nas décadas de 70 e 80, em projetos de edifícios multifamilares. Contribuíram para tanto o aumento demográfico, a expansão da mancha urbana e a substituição da residência unifamiliar tradicional pelos edifícios de apartamentos. A aplicação dos preceitos de volumes compactos apenas recortados para receber luz, sol e vento, o rigor no uso dos materiais, a racionalidade da planta e o uso da estrutura na periferia independente das divisórias são a tônica desta fase. Destacam-se os edifícios Sahara (1973), Jean Mermoz e Gropius (1974), todos em Recife. Nas unidades, amplos ambientes, janelas contínuas, cuidado na composição da fachada e o uso do peitoril ventilado, alternativa que, segundo o também arquiteto pernambucano Armando de Holanda, “permite a renovação de ar dos ambientes, mesmo durante chuvas pesadas”.
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Ainda nos anos 80, o arquiteto engajou-se na defesa do patrimônio histórico, tanto o local, de Pernambuco, como o nacional, atuando de distintas maneiras junto ao IPHAN. No instituto, Vital se dedicou à concepção da lei de Preservação dos Sítios Históricos do Recife (1979), aos projetos de restauração do Mercado de São José e da Faculdade de Direito do Recife. Em paralelo, trabalhou na elaboração dos projetos do atelier (1975) e da residência do pintor João Câmara (1982), localizados em Olinda. Seu interesse pela preservação histórica já vinha sendo estimulado desde o trabalho com Borsoi, cujo escritório localizava-se nas dependências do instituto.
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Devido à atuação no IPHAN durante dez anos, ao qual se dedicava em período integral, Vital reduz as atividades do escritório, também prejudicadas pela degradação dos projetos em decorrência dos interesses do mercado imobiliário: na maioria dos casos, as novas construções resultavam não da preocupação com o conforto ambiental, a melhor implantação ou a relação com a cidade, características perseguidas com rigor pelo arquiteto.
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No final da década de 80, Vital teve a oportunidade de contribuir para a produção de plantas não-residenciais, ressaltando-se, a arquitetura metroviária. Participa em conjunto com Reginaldo Esteves do projeto para o metrô da região metropolitana do Recife, sendo autor dos terminais de Jaboatão e Rodoviária e das estações Coqueiral e Cavaleiro (1988). Nestas, adotada o partido arquitetônico de “estruturas-pontes esculturais em concreto armado”, segundo Hugo Segawa, seguindo a tendência estabelecida para este tipo de construção em outras cidades. A singularidade, neste caso, apesar da evidente modulação e do material utilizado, dá-se pelo desenho de novas formas, o uso de ventilação cruzada, a iluminação em abundância e a harmonia do jogo entre os volumes.
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Ao longo dos anos 90, Vital participa de diversos concursos nacionais de urbanismo e é premiado pelos projetos de Renovação Urbana e Preservação do Bixiga (1990), pela proposta para valorização urbana da avenida Paulista (1996), e pelo concurso de idéias para um novo Centro de São Paulo (1997), pelos quais obteve, respectivamente, as primeira, segunda e terceira classificações. Em concursos de arquitetura, sob a preocupação de implantar o edifício na trama urbana, é premiado em primeiro lugar pelo edifício para o Centro Administrativo Banorte (1981), em Recife, e em terceiro pelo edifício Patrimonial do Confea (1999), em Brasília.
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No âmbito artístico, em seu papel de apaixonado, profundo conhecedor, e creditando à arte o caráter inesgotável, Vital procura incorporá-la em cada projeto, levando em conta a obra de arte como elemento não destacado, mas, sim, integrante da própria arquitetura. São painéis de Athos Bulcão, vitrais de Mariane Perreti, jardins de Burle Marx, esculturas de Anchises Azevedo e Abelardo da Hora, entre outros.
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É no bojo deste pensamento que surge a obra plástica de Vital. Sendo a Trama a mais importante de suas criações artísticas, além de integrada à arquitetura. Esta solução, iniciada a partir do estudo de revestimento para o pilotis de um edifício residencial, chega a um módulo base, o trapézio, gerando infinitas soluções de combinação. Executado em placas pré-moldadas de concreto, material de custo acessível e de fácil execução, “significa certa racionalização com alguma repercussão de custo, além da variedade de resultados com um mesmo material”, explica o arquiteto. Instalada inicialmente no edifício Sahara, reveste em seguida outros quatro. Ajudada pelas ilimitadas possibilidades, a Trama vira serigrafia e livro. Estas, com intenção de manter-se associadas à arquitetura, são executadas em cores com “pigmentos puros e pouca elaboração” comumente utilizadas na arquitetura popular brasileira.
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Nos últimos cinco anos, apesar da produção ser marcada por edifícios de grande porte ou de cunho especial, caso da reforma e ampliação do Museu do Estado de Pernambuco (2001), das escolas do Senai em Garanhuns (2004) e em Petrolina (2005), e da Indústria de Bebidas em Igarassu (2005), o arquiteto reafirma a sua crença na não-especialização na arquitetura. Mantém, assim, o atendimento que o pintor João Câmara chamou de “clínica geral”, defendendo a arquitetura como “obra realizada, concluída, e quando nela estiverem reunidos e equacionados todos os dados e condicionantes do projeto, a ponto de poderem ser traduzidos em termos de arquitetura, o trabalho do arquiteto é o mesmo, qualquer que seja o programa: é modelar espaços”.
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Sempre encarando as dificuldades como condicionantes e não limitantes do trabalho, Vital tem muito claro o fato de ser arquiteto em uma região subdesenvolvida de um país subdesenvolvido. Para ele, a informação que chega de fora é fundamental, desde que seja objeto de crítica e de adaptação à realidade local. Sobre o uso desenfreado do high tech, considera que a arquitetura deve ser “encarada como trabalho cultural, como produção das possibilidades de uma sociedade e não como realização setorial ou simplesmente pessoal”. Obras como a pirâmide do Louvre (de I.M. Pei) ou o Centro Georges Pompidou (de Richard Rogers e Renzo Piano), símbolos da arquitetura contemporânea, nunca seriam possíveis sem o uso da tecnologia. No Brasil, e em especial no clima do Nordeste, é indispensável o uso dos avanços tecnológicos, principalmente do ar-condicionado. No entanto, devem ser usados com muita cautela e restrição, não impedindo o edifício de funcionar na sua ausência.
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Vital acumula ainda grande participação em propostas urbanas, preservação e normativos – caso dos planos diretores –, além de constante atuação em comissões de julgamento. Próximo de completar 45 anos de atuação profissional, sempre sob constante rigor projetual, o arquiteto teve o conjunto de sua obra exposto recentemente em sala especial na 6ª Bienal Internacional de Arquitetura de São Paulo (2005) assim como em exposição no Espaço Cícero Dias no Museu do Estado de Pernambuco (2006), projeto de sua autoria.
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Notas
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Referência da publicação original: REYNALDO, Clara. “Com a luz do nordeste”. Arquitetura e Urbanismo, nº 148, São Paulo, Pini, jul. 2006, p. 73-77. Informação extra: Para subsidiar este artigo, a autora entrevistou Vital M. T. Pessôa de Melo no dia 13 de janeiro de 2006 no seu escritório, em Recife. Agradecimento: Amélia Reynaldo, Lourenço Gimenes e Vital M. T. Pessôa de Melo.

Bibliografia complementar

HOLANDA, Armando de. Roteiro para construir no Nordeste; arquitetura como lugar ameno nos trópicos ensolarados. Recife, Universidade Federal de Pernambuco, Mestrado de Desenvolvimento Urbano, 1976.
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LEME, Maria Cristina da Silva (coord.). Urbanismo no Brasil – 1895-1965. São Paulo, Studio Nobel; FAUUSP; FUPAM, 1999.
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MELO, Vital M. T. Pessôa de Melo. Tramas. São Paulo, Prêmio, 1989.
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WOLF, José. “Encontro dos tempos. Revisão Vital Pessôa de Melo”. In: Revista Arquitetura e Urbanismo (21). p. 79-81. São Paulo, Pini, 1988-89. 120 p.
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Revista Arquitetura e Urbanismo nº 139. Entrevista com Acácio Gil Borsoi por Éride Moura. 2005.
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SEGAWA, Hugo. Arquiteturas no Brasil 1900-1990. 2ª ed. São Paulo, Editora da Universidade de São Paulo, 1999.


Escritório do arquiteto, Recife. Fonte: arquivo pessoal

Edifício sede da CELPE (1971), Recife. Foto: Aurelina Moura
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Edifício da CELPE, detalhe brise. Foto: Aurelina Moura

Edifício da CELPE, planta 1º pavimento. Foto: Aurelina Moura
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Residência Emir Glasner (1972), Recife. Foto: Aurelina Moura
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Residência Emir Glasner, corte longitudinal. Fonte: arquivo pessoal
Edifício residencial Sahara (1973), Recife. Foto: Aurelina Moura
Edifício residencial Sahara, planta pavimento tipo. Fonte: arquivo pessoal
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Atelier Joao Câmara (1975), Olinda. Foto: Aurelina Moura

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Estaçao Coqueiral do metrô (1988), Recife. Foto: Aurelina Moura
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Estaçao Coqueiral do metrô, corte transversal. Fonte: arquivo pessoal
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Edifício patrimonial do CONFEA, Brasília. 3º lugar no concurso nacional. Fonte: Vidgo Serviços de Informática
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Reforma e ampliaçao do Museu do Estado de Pernambuco, Recife. Fonte: Vidgo Serviços de Informática
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Reforma e ampliaçao do Museu do Estado de Pernambuco, corte transversal. Fonte: Vidgo Serviços de Informática
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Escola do Senai em Garanhuns, PE. Fonte: Vidgo Serviços de Informática
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Indústria de bebidas em Igarassu, PE. Fonte: Vidgo Serviços de Informática
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Escola do Senai em Petrolina, PE. Fonte: Vidgo Serviços de Informática

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* Clara Reynaldo, arquiteta e urbanista pela UFPE, 2006. Colaborou no escritório de Vital M. T. Pessôa de Melo (2002-2004). Participou da curadoria da mostra do arquiteto na 6ª Bienal Internacional de Arquitetura de São Paulo (2005), assim como da exposição A Arquitetura de Vital, no Museu do Estado de Pernambuco (2006). É Sócia-fundadora do escritório paulista CR2 arquitetura.

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Fonte: http://www.vitruvius.com.br/arquitextos/arq000/esp423.asp

Arquitetura brasileira de luto

Pernambuco se despede de Vital Pessoa de Melo.
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Vital Maria Tavares Pessoa de Melo

Recife, 19 de abril de 2010 – A Arquitetura pernambucana perdeu na madrugada do último domingo um dos ícones de sua história. O arquiteto Vital Maria Tavares Pessoa de Melo faleceu em São Paulo vítima de complicações respiratórias (CREA-PE, 2010).

"O Arquiteto Vital Pessoa de Melo
Nascido em 1936, Vital Pessoa de Melo formou-se na Faculdade de Arquitetura da Universidade do Recife (hoje UFPE) em 1961, tendo sido aluno de Borsoi, com que trabalhou por vários anos. Vital teve uma sólida formação humanista que incluiu um grande interesse pela arte moderna e contemporânea. Em conjunto com sua prática arquitetônica, ele dedicou-se com afinco a atividades como o design gráfico e ao patrimônio. Toda essa complexa formação foi sintetizada na sua forma de fazer arquitetura. Os projetos de Vital são investigações com grande teor lógico, matemático e geométrico.
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Seus volumes puros e imponentes são marcados por arestas bem definidas e contornos precisos. Evidenciando as influências do Brutalismo, o tratamento das fachadas é claro e objetivo, com texturas fortes, justaposições vigorosas, encaixes expostos e materiais utilizados de forma aparente, sem nenhum tipo de mascaramento. Um outro aspecto de sua obra é relação com as artes plásticas. Em seus edifícios, ele procura integrar painéis, esculturas e vitrais de artistas, como Anchises Azevedo, Athos Bulcão e João Câmara, além de seus próprios painéis." (MOREIRA, F. D. ; HOLANDA, A. C., 2008) 
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Fontes
http://www.creape.org.br
http://www.docomomobahia.org/AF_Fernando%20Moreira%20e%20Ana%20Carolina%20Holanda_2.pdf

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Curitiba é modelo para o mundo

Curitiba recebeu o prêmio da cidade mais sustentável do Globo 2010

ESTOCOLMO, Suécia, 7 de abril de 2010 - A cidade brasileira de Curitiba ganha o Globo Cidade Sustentável Award 2010. A cidade de Curitiba é premiado pelo excelente desenvolvimento urbano sustentável. A estatueta "The Globe Award"  será apresentada aos representantes da cidade de Curitiba em 29 de abril em um jantar de gala no Museu Nórdica, em Estocolmo, na Suécia.

Curitiba concorreu com Malmo (Suécia), Múrcia (Espanha), Songpa (Coreia do Sul), Stargard Szczecinski (Polónia) e Sidney (Austrália).

The Globe Award for Sustainable City é agora apresentado pelo segundo ano. O objetivo do Prêmio Cidade é o de destacar as cidades, que investem no desenvolvimento urbano sustentável, e que servem de exemplo positivo para o mundo.


A motivação do Júri

"A cidade de Curitiba mostra maturidade em sua compreensão do desenvolvimento urbano sustentável - tanto política quanto de implementação." A abordagem holística é bem enquadrada e controlada, a fim de criar uma comunidade forte e saudável, ajém da integração da dimensão ambiental com outras dimensões, como intelectual, cultural, económica e social. "

Jan Sturesson, presidente do júri do prémio da cidade sustentável, destacou que a cidade de Curitiba possui um plano diretor municipal holístico que integra todos os recursos estratégicos ligados à inovação e à sustentabilidade no futuro."

Sobre o vencedor

Curitiba, Brasil - Plano Director Municipal indica reorganização do território urbano, considerando bacias hidrográficas como unidades básicas de planejamento, fortalecimento institucional, buscando o desenvolvimento da transversalidade no planejamento e na gestão ambiental de processos, bem como alterações em padrões de produção e consumo, reduzindo custos e desperdícios .




Fonte: http://globeaward.org/winner-city-2010
 

sábado, 10 de abril de 2010

Casa própia ou alugada?

Governo estuda adoção do aluguel social
Folha de São Paulo
 
Sistema seria complementar ao programa federal Minha Casa, Minha Vida, em especial nos grandes municípios do país
 
Inspiração vem de modelos da Europa e dos EUA, onde o governo Obama volta a investir em habitação social após a bolha imobiliária

CLAUDIA ANTUNES
DA SUCURSAL DO RIO



O programa federal Minha Casa, Minha Vida, que teve sua meta ampliada na segunda fase do PAC para atingir 3 milhões de famílias com renda de até R$ 4.650 (pouco menos de dez salários mínimos), precisará eventualmente ser complementado, nos grandes municípios brasileiros, por um projeto de aluguel social semelhante aos existentes nos EUA e na Europa, disse à Folha o secretário nacional de Programas Urbanos, Celso Carvalho.

O tema da moradia social - em que os governos subsidiam aluguéis de casas e apartamentos privados ou em prédios públicos - esteve em debate durante o 5º Fórum Urbano Mundial, realizado no mês passado, no Rio de Janeiro.

O subsecretário de Habitação dos EUA, Ron Sims, que participou do encontro, disse à Folha que o governo Obama voltou a valorizar o aluguel subsidiado como meio de provisão de moradia após o estouro da bolha imobiliária, em que milhares de famílias perderam suas casas e 11 milhões continuam sob risco de ficar sem teto, por atraso nas hipotecas.

A Casa Branca, informou Sims, já pediu para o Orçamento de 2011 um aumento de 10% na verba da chamada Seção 8, que hoje dá vale a 3 milhões de famílias para a locação de imóveis privados, ou do 1,1 milhão de unidades em edifícios públicos administradas por agências de habitação locais, que recebem fundos federais.

"Devemos promover uma oferta significativa de imóveis para aluguel até que as pessoas tenham como comprar", disse o subsecretário. Na França, uma lei estabelece que as cidades devem destinar 20% das moradias a fins sociais, com aluguel subsidiado, a fim de "preservar a diversidade urbana", segundo o senador socialista Yves Dauge.

No Brasil, o problema vislumbrado é a escassez de terrenos com localização razoável para a construção de imóveis para famílias que ganham até três mínimos, sobretudo em metrópoles como Rio, São Paulo e Belo Horizonte. No Rio de Janeiro, por exemplo, as principais unidades do Minha Casa, Minha Vida para essa faixa ficam em Campo Grande (zona oeste), a 30 quilômetros do centro.

"Quando você começa a ter recursos públicos para moradia, os terrenos sobem de preço com o aumento da demanda e os mais bem localizados começam a ficar inacessíveis", reconhece Celso Carvalho. Ele afirmou que não haverá problemas na execução do Minha Casa, Minha Vida. Até dezembro, a Caixa Econômica Federal contabilizava 393.780 propostas para a faixa até três mínimos, das quais 168.926 já contratadas -42% da meta de 400 mil propostas prevista para o final de 2010.

Mas, disse o secretário, para suprir o deficit habitacional urbano brasileiro, estimado em 6,6 milhões de domicílios - e que não inclui todas as casas em áreas sem infraestrutura, como favelas, alvos de planos de urbanização específicos -, seriam necessárias duas iniciativas suplementares. A primeira é que os municípios, baseados nas prerrogativas criadas pelo Estatuto das Cidades, estabeleçam em seus planos diretores áreas para moradias de interesse social em regiões já urbanizadas, o que ajudaria a regular o preço dos terrenos. Isso, afirma Carvalho, raramente é feito.

A segunda iniciativa é a implementação de um Serviço de Moradia Social, discutido há dois anos pelo setor. "É preciso um trabalho de catequese, porque está fora da nossa cultura. Desde os anos 50, do antigo BNH (Banco Nacional da Habitação), sempre houve a tradição da casa própria."

A ideia, segundo o secretário de Programas Urbanos, são projetos habitacionais para famílias "mais vulneráveis", perto das fontes de emprego, que acoplassem moradia e programas de transferência de renda, saúde e formação profissional. "Tem que ter isso para a família melhorar de vida e conseguir entrar num plano habitacional tradicional", afirma.

Não há modelos fechados, mas Carvalho menciona duas possibilidades: parcerias público-privadas, em que o governo licitaria o aluguel a longo prazo de prédios construídos por particulares; e o uso de edifícios públicos, concedidos a organizações sociais sem fins lucrativos para implantar o serviço.

Fonte: http://www.cidades.gov.br

sexta-feira, 2 de abril de 2010

K. Martins, M. Lucena e F. Lucena

Residencial Monte Verde

 






















FICHA TÉCNICA

PROJETO HABITAÇÃO MULTIFAMILIAR

ARQUITETURA KLEIMER MARTINS, MÁRCIO LUCENA E FLÁVIO LUCENA
COLABORADORES VANESSA WANDERLEY, DÉBORAH KYVIA E CAMILA QUEIROZ
CLIENTE COLUSA CONSTRUÇÕES E INCORPORAÇÕES LTDA.
LOCAL GEISEL . JOÃO PESSOA PB
ANO PROJETO 2009
ANO OBRA 2010
ÁREA DO TERRENO 357,50m²
ÁREA DE CONSTRUÇÃO 400,63m²
ÁREA DE SOLO PERMEÁVEL 58,25m²
ÁREA APARTAMENTO TIPO A 67,26m²
ÁREA APARTAMENTO TIPO B 54,78m²
CROQUIS KLEIMER MARTINS E MÁRCIO LUCENA
IMAGENS 3D (SKETCHUP) VANESSA WANDERLEY E DÉBORAH KYVIA
IMAGENS 3D (RENDERS) RODRIGO RATHGE

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Quem tem pressa come cru(?)

Caixa d'água tomba e destrói apartamentos em Santos


Uma caixa d´ água vertical de 30 metros de altura e de quase 200 toneladas tombou parcialmente e desabou sobre um prédio residencial vizinho na madrugada desta quinta-feira (1º) em Santos, no litoral de São Paulo.

Não houve feridos porque a previsão é que o conjunto habitacional com 10 blocos seja entregue só em 45 dias.

A caixa d´água que tem capacidade para 90 mil litros caiu durante a madrugada destruindo quatro apartamentos do prédio residencial onde os governos federal e do município investiram R$ 20 milhões. Técnicos e engenheiros ainda estão avaliando o que pode ter ocorrido e se vai haver necessidade de demolir um dos blocos. (Fonte: http://www.g1.globo.com/)

Em Junho do ano passado tragédia semelhante mas de maiores proporções ocorreu em Xangai.


Um edifício residencial em construção, de 13 andares tombou quase intacto. Um trabalhador que estava no interior do edifício morreu no momento em ocorreu o desastre .

Reveja a postagem em: http://arqpb.blogspot.com/2009/07/edifico-inteiro-tomba-em-xangai.html


O empenho do Governo federal em atingir as metas do Programa de Aceleração do Crescimento - PAC não pode suplantar o controle de qualidade técnico, arquitetônico e urbanístico dos conjuntos residenciais populares que se tem oferecido a população de menor renda.

Os arquitetos e urbanistas já vem alertando sobre os riscos que esse "modelo de construção institucionalizado" pode acarretar sobre os aspectos físicos e espaciais dos edifícios, e principalmente sobre o desenho urbano dos novos assentamentos humanos, carcomendo ainda mais a qualidade de vida nas cidades.

A pressa (sem planejamento e técnica) é inimiga histórica da perfeição.