quinta-feira, 26 de abril de 2007

Clodoaldo Gouveia

Lyceu Paraibano
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Perspectiva do conjunto do Instituto de Educação
Fonte: (FARIAS SEGUNDO, 1999:19)

Construção do Edifício Central (Lyceu)
Fonte: (FARIAS SEGUNDO, 1999:24)


Fachada Posterior do Lyceu

Fonte: (FARIAS SEGUNDO, 1999:27)

Perspectiva do Edifício Central (Lyceu Paraibano)

Fonte: (FARIAS SEGUNDO, 1999:20)

Planta Baixa Pavimento Térreo

Planta Baixa Pavimento Superior


Aspectos históricos

"O projeto do então chamado Instituto de Educação, iniciativa do governo Argemiro de Figueiredo no ano de 1936, surge de modo a implementar a reforma educacional da Paraíba e é parte integrante de um processo de modernização por que passa o estado a partir da década de 20".
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Outro fator importante para a iniciativa do Instituto é necessidade de modernização do sistema educacional na Paraíba, possibilitando a infra-estrutura necessária para a formação dos que seriam os futuros professores paraibanos, aliado ao desejo de integrar-se ao projeto nacional de educação. Neste momento, o Brasil passa por uma reformulação do sistema de ensino, reflexo de uma mudança na educação que se impõe em todo o mundo, onde o aluno já não é, como antigamente, mero depositário das idéias e conhecimentos do mestre, porém elemento que vive e contribuí ativamente na educação geral do povo, através da formação, já desde a escola, da consciência da cidadania. No Brasil, estes conceitos são adotados em Minas Gerais, São Paulo, Pernambuco e no Distrito Federal, e o empreendimento do projeto do Instituto de Educação demonstra o esforço da administração pública paraibana em acompanhar esta evolução pedagógica".


A proposta arquitetônica original

"O plano do Instituto de Educação foi inicialmente concebido como articulação de três prédios: o Edifício Central, o Jardim de Infância e a Escola de Aplicação. Complementariam ainda o conjunto mais três prédios, que abrigariam a Escola de Puericultura, o Estádio e o Ginásio. Projetados em 1936, os três edifícios que iniciariam o Instituto seriam implantados no terreno limitado pelas avenidas Monteiro da Franca (atualmente inexistente), Duarte da Silveira, Tiradentes (atual Camilo de Holanda) e pelo futuro “park-way” da lagoa (atual Getúlio Vargas).

Observando a perspectiva do conjunto formado por estes três prédios, percebemos claramente a intenção de promover a interlocução entre eles. Sua implantação cria uma área interna que permite a articulação espacial e volumétrica dos edifícios, gerando uma área comum de circulação e permitindo uma leitura conjunta dos volumes, onde cada um dos prédios é projetado de modo a ter uma linguagem comum com os demais, evidenciando o caráter de conjunto arquitetônico. Vale salientar a preocupação no tratamento plástico dos volumes, trabalhados segundo a estética moderna, em linhas simples, sem decorações desnecessárias, mas recebendo um cuidado plástico rigoroso, tanto nas fachadas voltadas para as ruas quanto naquelas voltadas para a área interna. Outro fato a ser observado é que as relações entre os edifícios não se restringem apenas ao aspecto plástico. Como a forma destes edifícios está intrinsecamente ligada a sua função, é fácil concluir que a concepção espacial destes também tem seus pontos em comum.

No Edifício Central, o maior do plano, seriam instalados a Escola de Professores e a Escola Secundária, além de administração geral, biblioteca, museu, auditório, laboratórios, cantina, etc. O projeto previa três pavimentos, incluindo o terraço superior descoberto e uma torre, para instalação de um relógio. Além dos pavimentos já citados, a diferença de nível encontrada no terreno permitiria a construção de mais um pavimento com três salas, pavimento este que não aparece na perspectiva do prédio desenhada para o projeto.

A solução utilizada deixou de lado a tipologia normalmente empregada no período (edifícios com pátio central), adotando a distribuição das salas ao longo de duas alas, numa única direção longitudinal, articuladas ao centro pelos espaços administrativos, com acesso as salas por intermédio de corredores em “varandas” e situando as instalações sanitárias para alunos na extremidade das alas. Esta disposição em direção única possibilitou a melhor orientação do edifício quanto à insolação e ventilação, cuja proteção solar foi reforçada pelo uso de marquises e varandas abertas. A estrutura foi projetada para ser parte em concreto armado e parte em alvenaria de tijolo comprimido, sendo o concreto armado usado nas lajes entre os pavimentos, no terraço superior, e em toda a torre, incluindo fundações, além das lajes em balanço que formam as varandas e marquises.

O projeto previu a colocação de acessos independentes para as varandas de cada um dos pavimentos, de modo a reduzir o número de usuários e, consequentemente, diminuir a perturbação das aulas. Desta forma, os corredores de acesso servem a no máximo sete salas de aula. O acesso principal do edifício, que encontra-se acima do nível da rua, foi trabalhado através de uma escadaria que conduz ao patamar de entrada, e também através de uma rampa de concreto armado, em “S”, que conduz a uma série de salas de aula da ala esquerda do primeiro pavimento, prevendo o possível uso destas salas para cursos especiais, sem que haja a necessidade de utilizar o corpo central do edifício.

Segundo o projeto, o edifício seria composto, no 1o pavimento, de um hall, onde inicia-se a escadaria para os pavimentos superiores, 8 salas de aula, 2 salas para trabalhos, diretoria com banheiro, secretaria, sala para inspeção, sala para higiene, sala para professores, biblioteca, auditório com palco em semicírculo, vestiário, 2 banheiros nos extremos do pavimento, cada um deles composto de 8 wc’s e 6 lavatórios, dependência de serviço, terraço (patamar de entrada), área central descoberta e galerias cobertas que correm ao longo das salas de aula. No 2o pavimento, estariam um hall, 9 salas de aula, laboratório de física, laboratório de química, diretoria com banheiro, secretaria, sala para professores, serviço dentário, serviço médico, salão para museu ou exposições, vestiário, dependência de serviço, cantina, 2 banheiros, cada um deles com 8 wc’s e 6 lavatórios e galerias cobertas que dão acesso as salas de aula. Já o 3o pavimento seria formado pelo terraço superior, o terminal da escadaria e a origem da torre.
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Um ponto importante dentro do projeto deste prédio é a circulação vertical. Além da escadaria interna, foram concebidas escadas externas, funcionando como elementos de articulação funcional, que possibilitam o acesso direto as galerias sem que haja a necessidade de se entrar no edifício, o que possibilita o acesso mais rápido dos alunos às salas, além de distribuir mais uniformemente o fluxo, que já não precisa ser feito apenas em um ponto.
No tocante aos materiais utilizados, o projeto prevê piso em tacos de madeira, nas salas de aula, auditório e gabinetes de diretoria e secretaria, mosaicos cerâmicos nas entradas (halls), galerias, laboratórios, seções sanitárias e demais dependências. Na rampa, foi aplicado ladrilho anti-derrapante. As paredes internas receberiam aplicação de tinta sem brilho em toda a sua extensão, sendo que, nos halls e salas de diretoria seria aplicado um revestimento de marmorite até 1,50m de altura, sendo substituído por azulejos brancos na cantina e seções sanitárias. Já as paredes externas seriam revestidas em pó de pedra de diferentes tonalidades". (FARIAS SEGUNDO, 1999:17)



Ficha técnica


Arquitetura: Clodoaldo Gouveia
Projeto: 1936
Obra: 1939
Fotos: www.caciomurilo.com.br
Construção: Ítalo Joffily

Referências bibliográficas:

FARIAS SEGUNDO, M. B. Conjunto Urbanístico Educacional: proposta de recuperação de um espaço moderno. 1999. Monografia (Graduação em Arquitetura e Urbanismo) - Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa, 2003.