Para Enrique Peñalosa, custo mais baixo e rapidez para construção são diferenciais competitivos dos sistemas de BRT
Flávia Ribeiro, do Rio de Janeiro
Criado nos anos 70 em Curitiba, durante o governo de Jaime Lerner, e aperfeiçoado em Bogotá, onde há duas faixas para esse tipo de veículo, o BRT chegará ao Rio de Janeiro nos próximos anos com no mínimo quatro linhas: a TransOeste, que vai ligar a Barra da Tijuca a Santa Cruz, na zona oeste, por um custo de R$ 692,1 milhões, e que já está sendo construída; a TransCarioca, que ligará o Aeroporto Internacional Tom Jobim à Barra, que custará R$ 1,2 bilhão; a TransOlímpica, ligando Deodoro à Barra, com custo de R$ 2 bilhões; e a Transbrasil, um corredor cortando a Avenida Brasil de Santa Cruz, na zona oeste, ao Caju, na zona portuária, passando por quase 30 bairros – este, ainda sem orçamento aprovado. As quatro linhas fazem parte da reformulação viária da cidade para a Copa do Mundo de 2014 e para as Olimpíadas de 2016.
Para Peñalosa, que participou de um painel no 14º Etransport, congresso sobre transporte que terminou hoje na Marina da Glória, no Rio, a cidade faz bem em apostar nos BRTs. “O quilômetro de metrô custa em torno de 250 milhões de dólares, enquanto o quilômetro de BRT sai a 15 milhões de dólares, em média. Uma linha leva um ano e meio para ser construída, enquanto no metrô o tempo é de quatro ou cinco anos. O metrô é mais rápido, é verdade. Mas o tempo de viagem no BRT muitas vezes é menor, porque há estações mais próximas, o que diminui o deslocamento a pé, e o tempo de espera entre um carro e outro é menor. Além disso, numa cidade linda como o Rio, cheia de gente bonita, não é agradável ter que se enfiar debaixo da terra, como um rato”, destacou o ex-prefeito, em uma veemente defesa dos ônibus.
A TransMilênio de Bogotá tem hoje 84 quilômetros, com mais 30 sendo construídos. Segundo Peñalosa, o plano é haver uma expansão contínua, até chegar a cerca de 400 quilômetros. Nas ruas atendidas pelos BRTs, outra vantagem é a diminuição da poluição. “Na Carrera 7ª, que não tem TransMilênio, a emissão de poluentes é 300 vezes maior do que na Via Caracas, por onde passam dez vezes mais passageiros ao longo de um dia – graças ao TransMilênio”, afirmou.
Peñalosa, no entanto, avisa que nem o sistema de BRT nem a expansão do metrô vão acabar com os engarrafamentos no Rio de Janeiro. “Não esperem que isso aconteça. Os únicos jeitos de acabar com engarrafamento são fazer sistema de rodízio de carros, diminuir o número de estacionamentos de rua, cobrar pedágios e taxar o combustível. A taxação do combustível acontece, por exemplo, na Colômbia. É de 25%, dinheiro revertido para a melhoria do transporte público. Só assim as pessoas deixam os carros em casa”, alerta.
Fonte: Veja on-line
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