EXPO 2010
Reginaldo Marinho¹
Pavilhão Brasileiro em Xangai
Fonte: www.archdaily.com
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As exposições universais foram criadas para apresentar ao mundo os novos paradigmas da Ciência, Tecnologia, Engenharia e Arquitetura construídos pelas nações em cada evento. Essas exposições são como uma fotografia instantânea do estágio de desenvolvimento que os países expositores experimentam.
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Alguns desses paradigmas permanecem no imaginário universal. Foi assim com o Palácio de Cristal, que na primeira Exposição Universal realizada em Londres em 1851, obra que inaugurou a arquitetura de ferro/vidro poderoso emblema da revolução industrial britânica ou a Torre Eiffel construída para Exposição de Paris de 1889.
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Palácio de Cristal
Fonte: http://www.universalis.fr/encyclopedie/crystal-palace-londres/
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O comissariado brasileiro da Expo 1862 recusou a participação do protótipo da máquina de escrever do Padre Azevedo argumentando que o pavilhão já estava lotado de amostras de minérios e não cabia mais nada. O Brasil perdeu a primeira oportunidade de mostrar ao mundo um dos mais notáveis inventos nacionais.
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Em 1876, o imperador D. Pedro II ao visitar a Exposição Universal de Filadélfia conheceu o invento de Alexander Graham Bell e por causa da visita do imperador à Expo, o Brasil foi o segundo país do mundo a usar o telefone.
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As exposições universais são regidas pelo Bureau Intenational des Exposicions que disciplina a participação das nações. Cada Estado nomeia um comissário geral para coordenar a participação nacional. No Brasil, esses cargos são escolhidos sem o foco da competência, motivado apenas por arranjos particulares e esse modo brasileiro causa muitos prejuízos para os avanços da Ciência e Tecnologia nacionais.
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A Expo recente mais glamorosa foi a Expo 2000. O Brasil foi representado por um estande escandaloso que custou US$ 10 milhões e, segundo o relatório enviado ao Ministério Público Federal, se destacava pela exposição de 5.000 bonecas de pano, 500 almofadas de algodão cru com recheio de flores de macela e colunas que exalavam aroma de café. Um verdadeiro deboche. O MPF condenou [denunciou] os organizadores chefiados pelo filho do presidente da República da época a devolver os recursos aos cofres públicos [ao final do processo a justiça absolveu os acusados. Ver LINK 1 E LINK 2].
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Na Expo 2010 as coisas não são tão diferentes. A seleção para o projeto de arquitetura da Expo Xangai foi dirigida aos associados da Associação Brasileira de Escritórios de Arquitetura, AsBEA, com um pouco mais de uma centena de membros, foi escolhido o projeto de Fernando Brandão Arquitetura + Design, que por coincidência é membro da diretoria da AsBEA e o júri foi composto pelo arquiteto Fernando Serapião, editor executivo da revista Projeto Design, Ronaldo Rezende – Presidente da AsBEA, Henrique Cambiaghi – Conselheiro Deliberativo AsBEA, Coordenador do Prêmio AsBEA, Fernando Pinheiro, vice-presidente da AsBEA e titular do escritório Lima Pinheiro Associados e Guilherme Takeda, Conselheiro Consultivo da AsBEA.”
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O modelo de contratação desse pavilhão da Expo 2010 fere frontalmente a Constituição da República Federativa do Brasil no artigo 37, das Disposições Gerais, do Capítulo VII que trata da publicidade das ações governamentais.
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O arquiteto Marcel Tanaka um dos autores defendeu o projeto assim: “Por isso, desenvolvemos essa fachada, que será feita com pedaços sobrepostos de madeira reciclada e pintada de verde, que vão ser apoiadas em uma estrutura metálica. Tanto a cor, que representa a bandeira nacional, quanto às madeiras sobrepostas, que lembram os artesanatos em palha, são referências ao País.”
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Pavilhão Brasileiro em Xangai
Fonte: www.archdaily.com
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No lugar de paradigmas, o pavilhão brasileiro apresenta um cardápio de vídeos em telões de alta definição, como os que ornamentam as fachadas de edifícios de cidades com Tókio e Xangai mostrando as belezas brasileiras e interatividade com toques nas telas que já eram usadas em muitos terminais públicos de internet da Itália há mais de dez anos e são usadas em terminais bancários brasileiros de autoatendimento sem nenhum paradigma apresentado. Quando iremos entender que participar de uma Expo não é a mesma coisa que assistir ao desfile de uma escola de samba?
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Pavilhão Brasileiro em Xangai
Fonte: www.archdaily.com
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A contratação desse pavilhão brasileiro de Xangai precisa ser observado pelo Ministério Público Federal.
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Nota
1. Reginaldo Marinho é pesquisador premiado com medalhas de ouro em exposições tecnológicas com projetos na área de Engenharia Civil. Prêmios conferidos em Genebra e Londres. Membro da Associação Brasileira de Jornalismo Científico.
Site: http://www.reginaldomarinho.com.br/ .
E-mail: RM@reginaldomarinho.com.br
Site: http://www.reginaldomarinho.com.br/ .
E-mail: RM@reginaldomarinho.com.br
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