sábado, 12 de junho de 2010

Martín Fernández de Lema e Nicolás Moreno Deutsch

Casa entre árvores, Mar Azul, Argentina


 



  


 

Planta Nível Superior
 
Planta Nível Inferior
 
Corte Longitudinal

 
 Fachada Norte
 
Fachada Sul
  
Fachada Leste

 
 Fachada Oeste

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Os arquitetos argentinos Martín Fernández de Lema e Nicolás Moreno Deutsch desenharam esta Casa entre Árvores em Mar Azul, balneário perto de Villa Gesell, a cerca de 400 km de Buenos Aires. O local, perto do mar, é de denso arvoredo e, para além do restritivo código de obras local, o programa solicitado aos arquitetos requeria especial cuidado na preservação das condições naturais do terreno bem como o aproveitamento máximo da sua cobertura vegetal.

O resultado é um exemplo perfeito de conciliação de arquitetura com meio ambiente. Os proprietários do lote ganharam uma casa nova com paisagismo “antigo”, perfeitamente integrada com o entorno e com direito à sombra de pinus adultos na varanda. Todos os trabalhos de construção foram executados em torno das árvores pré-existentes sem que tal prejudicasse a qualidade do resultado final. A opção por concreto aparente e por acabamentos “minimalistas” contribuiu para o controle de custos da obra.
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Ficha técnica:

Arquitetos: Martín Fernández de Lema, Nicholas F. Moreno Deutsch Moreno Deutsch

Localização: Mar Azul, Buenos Aires, Argentina,
Construtor: Héctor Ferraro
Estruturas: Zapico Julho
Mobiliário: Manifesto
Área construida: 134 m2 
Ano: 2006-2007
Fotografias: Pinilla Gustavo Sosa
Fontes:
www.plataformaarquitectura.cl
ecohabitararquitetura.com.br

domingo, 6 de junho de 2010

Salve Armando de Holanda!

Recife e Olinda no olho do furacão da arquitetura mundial
Oliveira Júnior ¹
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Na última sexta  feira às 22:00h foi encerrado o 19º Congresso Brasileiro de Arquitetos no auditório Guararapes do Centro de Convenções de Pernambuco. No balanço geral a comissão organizadora computou 3.033 inscritos, deste total cerca de 1.800 eram mulheres e 1.200 pernambucanos.
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A presidente do IAB-PE Vitória Régia Andrade agradeceu a todos os presentes pelo sucesso do congresso e leu a Carta do Recife, elaborada durante o 134º COSU. Ao final do discurso Vitória lembrou que a realização do 19º CBA ratifica a importância do Instituto de Arquitetos do Brasil que muitas vezes desenvolve um trabalho anônimo, mas de suma importância para o desenvolvimento cultural, técnico e cientifico da profissão. Concluindo seu pronunciamento conclamou os arquitetos a uma aproximação dos IAB's e a união dos profissionais em torno da viabilização do Conselho de Arquitetura e Urbanismo.  
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Palestra de Rykwert e Secchi
Foto: Daniela Tavares
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Estes 4 dias de congresso foram muito intensos e a programação bastante diversificada ofereceu uma vasta gama de opções, divididas entre vários eixos temáticos. As palestras ocorreram simultaneamente e foram bastante concorridas. O corre-corre entre os auditórios revelavam a multiplicidade de interesses.
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Hospedado em Boa Viagem e tendo que enfrentar o caótico transito da metrópole pernambucana para me desolocar ao extremo oposto de Recife, acabei não chegando a tempo para assitir a palestra de Solano Benitez, ocorrida na quarta-feira (02/06). Na saída do auditório o arquiteto paraibano Marco Suassuna, visivelmente encantado com a palestra declarou: "se eu for embora agora mesmo, o congresso já valeu a pena". O arquiteto Gilberto Guedes (PB), um dos últimos palestrantes do congresso, foi enfático ao afirmar que Solano Benitez apresentou a conferência mais rica do 19º CBA. O mesmo sentimento foi compartilhado pelo jovem arquiteto cearense Bruno Braga, vencedor do Prêmio Caixa/IAB 2008-2009, na modalidade Habitação Multifamiliar Sustentável em Área de Favela. Segundo Suassuna e Guedes, o paraguaio Benitez trouxe em sua bagagem uma rica experiência cultural e tecnológica extremamente criativa e adaptada a realidade latinoamericana. 
Solano Benitez
Fonte: arcoweb
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Dentro de um contexto global , formado por uma sociedade fragmentada e culturalmente cada vez mais homogênea, repleta de geometrias complexas, referências tecnológicas e novos paradigmas informacionais e paramétricos, apoiados em sistemas de CAD, CAE e CAM, a obra de Benitez nos leva a refletir sobre a validade destes modelos impostos por  uma sociedade de consumo que induz a standardização da arquitetura, a partir de uma ótica industrial baseada na massificação de materiais produzido por grandes conglomerados econômicos, a exemplo do concreto, do aço e do vidro.
Casa Abu + Font
Arquiteto: Solano Benitez
Fonte: Revista MDC

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A consonância entre os discursos das principais conferências se deu por meio da reflexão filosófica sobre o modo de pensar a cidade como plataforma para o desenvolvimento social, econômico, cultural e ambiental. Nesta ótica a arquitetura é uma mera coadjuvante no processo de desenvolvimento urbano.
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Paulo Mendes da Rocha enfatizou a importância de superarmos as barreiras geográficas e de se explorar o potencial fluvial das cidades. Joseph Rykwert, rememorou as particularidades culturais das cidades do mundo e comentou sobre os efeitos nefastos da globalização, principlamente a "pasteurização" arquitetônica.
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Bernardo Secchi compartilhou sua experiência com os estudos sobre o planejamento urbano para a "Grande Paris"  dos próximos 30 anos exibindo uma complexo mapeamento metropolitano dissecando suas principais variáveis urbanísticas. Revelou que a equipe se envolveu num extenso trabalho de campo para coletar as percepções e necessidades de uma população multiétinica e de grande diversidade cultural.
O trabalho trouxe a tona conceitos como porosidade urbana que remete a necessidade de mobilidade e acessibilidade intraurbana para promover a vitalidade e a democratização dos espaços urbanos da "cidade luz".
Bernardo Secchi
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O holandês Ole Bouman pregou o adensamento das cidades, a sincronização e recombinação dos processos  para criar um senso de comunidade. Referindo-se a figura icônica da capa do livro do arquiteto Armando de Holanda (Roteiro para construir no nordeste) assegurou que ali estava estampado a essência da arquitetura. Um abrigo, uma sombra, um local de encontro e vivência comunitária.

Indagando sobre o futuro Bouman destacou a necessidade de mudança de uma arquitetura passiva para uma arquitetura de ação. "Deixemo-nos inspirar pelos problemas da cidade ao invés de temê-los", disse o presidente do Instituto de Arquitetos da Holanda. "Onde há uma necessidade há uma oportunidade" foi a frase que resumiu sua palestra.

Ole Bouman
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O chinês Yung Ho Chang iniciou sua conferência com a imagem de uma casa chinesa simples registrada por um fotógrafo português. Lembrou sua infância num ambiente semelhante e remetendo-se a o pátio interno da casa onde um hoimem alimentava um pássaro, comentou que ali era o ambiente de convivência comum e a essência da cultura arquitetônica local.
Durante toda a sua exposição ficou claro a presença dos pátios nos seus projetos, quer fossem residenciais ou institucionais. Demontsrando bastante simplicidade e humildade, Chang fez uma bela palestra revelando domínio do objeto desde a pequena escala até o desenho urbano.
Yung Ho Chang
Fonte: spectrum.mit.edu
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Embora o grande homenageado do congresso tenha sido Borsoi a mensagem maior que ficou foi a de que os princípios de Armando de Holanda continuam válidos e cada vez mais presentes na prática arquitetônica contemporânea, que pese as exigências ambientais e de conforto, mas que sempre fizeram parte da formação dos arquitetos brasileiros, especialmente os nordestinos.
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Salve Luís Nunes, salve Borsoi, salve Amorim!
Salve Armando de Holanda!

Nota
1. Oliveira Júnior é arquiteto graduado pela UFPB, Mestre em Engenharia Urbana pelo PPGEU/UFPB e professor de projeto e urbanismo do curso de arquitetura do Centro Universitário de João Pessoa - Unipê.

sábado, 5 de junho de 2010

Gilson Paranhos (IAB-DF) é eleito presidente do IAB Nacional biênio 2010-2012

Vice-presidencia da Região Nordeste ficou a cargo da presidente do IAB-PB Cristina Evelise Vieira

Na Igreja Madre da Deus, no centro antigo do Recife, durante a cerimônia de abertura do 19o . Congresso Brasileiro de Arquitetos, presidida por Vitória Régia Andrade Presidente do IAB-PE, foi realizada a posse solene da nova Direção Nacional do Instituto de Arquitetos do Brasil.


João Suplicy (IAB-PR, Presidente para o biênio 2008-2010) passou a presidência para os colegas de Brasília (IAB-DF) que dirigirão o Instituto nos próximos dois anos.
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Foto: Luis Otavio Rodrigues, Ana Maria Labarrère , Walfredo de Oliveira, Gabriel Dorfman, Gilson Paranhos, Cristina Evelise Vieira, Fabiano Sobreira e Jerônimo de Morais.
Fonte: Arqbacana
Diretoria Gestão 2010-2012 :




Presidente – Gilson Paranhos,
Vice-presidente Nacional e Região Norte – Walfredo Antunes de Oliveira Filho (IAB-TO)
Secretário-Geral – Luiz Otavio Alves Rodrigues,
Diretor Administrativo – Gabriel Dorfman,
Diretora Financeira – Ana Maria Labarrère,
Diretor Cultural – Fabiano Sobreira,
Vice-presidente Região Nordeste – Cristina Evelise Vieira Alexandre (IAB-PB),
Vice-presidente Região Sudeste – Jerônimo de Moraes Neto (IAB-RJ),
Vice-presidente Região Sul – Jorge Raineski (IAB-SC).
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Fonte: http://www.iab.org.br/

quarta-feira, 2 de junho de 2010

Mais de 3000 congressista no 19º CBA

Borsoi e Mendes da Rocha
Oliveira Júnior ¹

O primeiro dia do 19º Congresso Brasileiro de Arquitetos foi marcante. A organização do evento computava mais de  3000 inscritos, entre arquitetos e estudantes. Recife não abrigava um evento de arquitetura desse porte desde a Bienal de Arquitetura de Recife/Olinda em 1992. Uma profussão de sotaques reverberavam pelos corredores, halls e auditórios do Centro de Convenções de Pernambuco. Congressistas de todo o país circularam freneticamente, ávidos por compartilhar e debater conhecimentos e experiências sobre a produção arquitetônica e urbanística moderna e contemporânea.
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Destaque para a apresentação de Fabiano Sobreira² sobre "Arquitetura e Sustentabilidade: os risco da onda verde" que teceu uma discussão acerca da relação entre os sêlos verdes, o consumo de produtos ditos "sustentáveis", a qualidade do produto arquitetônico e o tripé da sustentabilidade. Com uma postura crítica, Sobreira inquire se o discurso sustentável, presente nos recentes concursos de arquitetura, não estaria mascarando uma possível insustentabilidade de alguns empreendimentos envolvidos nos mesmos.

Fabiano Sobreira
Fonte: http://fabianosobreira.blogspot.com/
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No auditório Beberibe a homenagem ao mestre Acácio Gil Borsoi foi capitaneada pelo professor Fernando Diniz, ao qual coube a tarefa de coordenar a mesa redonda e mostrar um recorte da produção do arquiteto. Hugo Segawa traçou um panorama nacional e um percurso histórico da trajetória de Borsoi, destacando-o sua importância no cenário regional e nacional com um vetor da modernidade. Ao parabeniza-lo sobre sua exposição ele respondeu prontamente: "é fácil falar quando o conteúdo é bom".
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Marco Antonio Borsoi mostrou os últimos trabalhos do pai Acácio, com destaque especial para o projeto da Casa de Pernambuco, na cidade do Porto, obra em fase de finalização.

Casa de Pernambuco
Fonte: desconhecida
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O dono da noite foi mesmo o jornalista José Wolf³, amigo pessoal de Borsoi, que fez uma belíssima e emocionada declaração de amor a arquitetura nordestina. Foi aplaudido ao citar os nomes de arquitetos inesquecíveis como Alexandre Castro e Silva, Janete Costa, Vital Pessoa de Melo e Delfim Amorim; e ovacionado pela platéia ao final da sua exposição.

José Wolf
Foto: Oliveira Júnior
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Paulo Mendes da Rocha, a estrela mais esperada do dia, decepcionou com sua palestra simplista sobre o Museu dos Coches, na cidade de em Belém, freguesia de Lisboa, Portugal. Com um auditório majoritariamente composto por estudantes, Mendes da Rocha negligenciou em detalhar o processo conceitual, criativo, técnico e funcional da proposta e ateve seus comentários apenas a uma maquete física de estudo.

Aparentemente avesso aos renderes, o pritzker passou os slides tão rapidamete que a platéia não se deu conta que a conferência tinha sido encerrada. Após 13 minutos de exposição sobre o museu derepente a tela ficou preta anunciando o fim da apresentação. Borsoi também não era nenhum exímio conferencista. Coisas de gênio?

Museu dos coches
Fonte: desconhecida
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Notas
1. Oliveira Júnior

2. Fabiano Sobreira é arquiteto da Câmara dos Deputados, onde coordena a Seção de Acessibilidade e Projetos Sustentáveis. Graduou-se em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE-1996) e obteve o título de Doutor em Desenvolvimento Urbano pela mesma instituição em 2002, após estágio na University College London (2000-2001). É também editor do site www.concursosdeprojeto.org

3. José Wolf é jornalista, co-fundador da Revista AU e atual editor do boletim do IAB/SP.