quarta-feira, 8 de julho de 2009

França quer reurbanizar Paris na próxima década

Daniela Fenandes - BBC Basil


O projeto do arquiteto Roland Castro prevê transformar o Parque de la Courneuve, ao norte de Paris, em algo semelhante ao famoso Central Park, em Nova York.

Uma exposição com dez projetos de arquitetos renomados para reurbanizar Paris foi inaugurada nesta quinta-feira.

Os projetos formam o "Grand Paris", um dos maiores planos de reurbanização da cidade desde a construção, no século 19, de grandes avenidas na cidade.

O presidente da França, Nicolas Sarkozy, apresentou os projetos - que incluem arranha-céus futuristas, linhas de metrôs suspensas que ligarão a capital à periferia, construções ecológicas e também projetos de desenvolvimento do transporte fluvial.

O governo da França ainda está discutindo o financiamento e a execução das obras. Sarkozy quer que as obras comecem em 2012. A previsão do governo francês é de que elas durariam dez anos, custariam 35 bilhões de euros e gerariam um milhão de empregos.

Os dez projetos expostos fazem parte de uma seleção inicial feita pelo governo francês, após estudos realizados por comitês de especialistas, para transformar a capital e seus arredores. Eles estão expostos na Cidade da Arquitetura e do Patrimônio de Paris.

'A França do pós-crise'

Sarkozy afirmou não se opor à construção de prédios elevados na cidade "se eles se inserirem de maneira harmoniosa na paisagem urbana".

"Podemos construir alto, baixo, pequeno ou grande desde que seja bonito. A única coisa condenável é a feiúra", disse o presidente.

Os transportes urbanos são uma das grandes prioridades do "Grand Paris". Sarkozy anunciou que o governo pretende investir 35 bilhões de euros para facilitar a locomoção dos parisienses e dos moradores das periferias da capital.

O governo prevê a criação de uma rede rápida de metrôs, cujos trens circulariam a pelo menos 80 km/h. A rede ligaria diversos subúrbios em um raio de 130 quilômetros. Os novos metrôs e trens funcionariam 24 horas por dia e sem maquinistas.

As novas obras de infra-estrutura, segundo o governo, devem criar um milhão de empregos no prazo de 20 anos.

"O Grand Paris é a França do pós-crise", disse Sarkozy, que afirmou esperar que as obras já comecem em 2012, com prazo de dez anos de duração.

"Esse projeto ambicioso está sendo atualmente discutido. Um projeto de lei sobre o financiamento dos transportes deve ser apresentado em outubro", disse Sarkozy.

O presidente francês também defendeu a ideia de criar parques semelhantes ao Central Park, de Nova York, em periferias de Paris, e plantar uma floresta de 2,5 mil hectares na área do aeroporto Charles de Gaulle.

Os projetos

Os dez projetos escolhidos foram realizados por arquitetos franceses e estrangeiros.

Christian de Portzamparc, que construiu a Cidade da Música, no Rio de Janeiro, quer criar um metrô suspenso na periferia. Esse novo eixo, com 35,5 quilômetros de circunferência, teria cerca de 20 estações.

O projeto do arquiteto francês Antoine Grumbach prevê ligar Paris ao mar, à cidade Le Havre, na costa Atlântica, no norte da França, para desenvolver o transporte marítimo da capital.

Já o britânico Richard Rogers, que construiu o Centro Georges Pompidou, em Paris, planeja uma cidade mais compacta e melhor conectada, com mais parques e um modo de vida mais voltado para a defesa do meio ambiente, favorecendo, por exemplo, o uso da bicicleta e de carros elétricos.

Jean Nouvel, que construiu o Instituto do Mundo Árabe e a Fundação Cartier, em Paris, propõe mudanças no topo da Torre Montparnasse, a mais alta da capital, com 210 metros. Construída nos anos 70, até hoje muitos parisienses acham que o prédio não combina com a paisagem da cidade.

O projeto de Roland Castro propõe, além da construção de um "Central Park" na periferia de La Courneuve, a criação de um porto fluvial em Roissy (na região do aeroporto Charles de Gaulle) e de um centro empresarial na ilha de Vitry, no rio Sena.

A exposição "Grand Paris", na Cidade da Arquitetura e do Patrimônio, fica em cartaz até 22 de novembro.




Nesta ilustração, o arquiteto Roland Castro propõe um porto fluvial em Roissy e um centro empresarial na ilha de Vitry, no rio Sena.


Portzamparc, que construiu a Cidade da Música, no Rio de Janeiro, quer criar um metrô aéreo na periferia. Esse novo eixo, com 35,5 quilômetros de circunferência, teria cerca de 20 estações.



Christian de Portzamparc prevê em Aubervilliers, na periferia, uma nova estação de trem para o tráfego entre Paris e o norte da Europa, e um bairro com prédios comerciais e residenciais, com metrô aéreo.



O renomado Jean Nouvel, que construiu o Instituto do Mundo Árabe e a Fundação Cartier, em Paris, propõe mudanças no topo da Torre Montparnasse, a mais alta da capital, com 210 metros.


Os italianos Bernardo Secchi e Paola Vigano planejam a cidade com velocidades diferentes. Nas áreas com velocidade média, haveria bondes. As áreas lentas, fora de Paris, dariam prioridade a pedestres e ciclistas.
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Fonte: BBC Brasil

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