Conjunto Habitacional Verdes Mares - Prêmio Caixa - IAB 2008/2009
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Em arquitetura, para olhar para frente com precisão é necessário, antes, olhar para trás com a mesma precisão. Assim, no intuito de realizar um projeto de habitação social pertinente, era preciso, primeiramente, analisar as deficiências comuns em projetos dessa natureza realizados no Brasil. Quanto mais se buscava respostas, mais se percebia que se estava fazendo a pergunta errada. Parecia mais correto tratar a habitação social como um investimento futuro na população, que fosse adquirindo valor com o tempo, funcionando como instrumento para promoção social dos beneficiados, em contrapartida ao modo como o fazem as políticas habitacionais atuais, que encaram a questão como gasto social, priorizando índices quantitativos aos qualitativos.
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Fica claro, portanto, que o erro estava no início do processo, pois se tentava resolver o problema errado. Não se resolve o problema da habitação social apenas diminuindo o déficit habitacional. Muito menos negando os fatos que o problema apresenta, como as características da população e as restrições orçamentárias e legais. Mais do que quantas casas propor, pareceu mais adequado pensar em onde e como propô-las.
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Surgem então duas questões primordiais a serem resolvidas: o lugar de implantação das habitações e como trabalhar com as limitações e restrições impostas pelo problema mantendo a qualidade do projeto.
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O LUGAR
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Embora a cidade seja uma construção social coletiva, a distribuição de seu espaço não se dá de forma igualitária, o que gera graves distorções no cenário urbano. No caso de Fortaleza, dos seus aproximadamente 2,4 milhões de habitantes, 30% moram em assentamentos precários e informais, o que se explica pela alta concentração de renda presente na cidade.
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A área de intervenção escolhida foi a comunidade Verdes Mares, localizada no bairro do Papicu, possui uma infra-estrutura excelente e grande rede de oportunidades. A comunidade é composta, em sua maioria, por ocupações irregulares, presentes na região há mais de vinte anos. Há uma forte especulação imobiliária, sendo comum a existência de terrenos vazios que não cumprem sua função social. Ambas as áreas (tanto as ocupadas como as ociosas) são classificadas como Zona Especial de Interesse Social, tornando possível pensar em redistribuir toda a população, pois a área x antes ocupada, passou a ser x+y com a incorporação dos terrenos vazios. Mantém-se, portanto, os moradores no seu local de residência atual, onde estão cercados de oportunidades e vínculos profissionais e pessoais, podendo transformar suas novas residências em um investimento que se valoriza com o tempo. A proximidade a um terminal rodoviário permite, ainda, pensar em uma rede de intervenções interligadas, o que teria um alcance maior na cidade.
.Em arquitetura, para olhar para frente com precisão é necessário, antes, olhar para trás com a mesma precisão. Assim, no intuito de realizar um projeto de habitação social pertinente, era preciso, primeiramente, analisar as deficiências comuns em projetos dessa natureza realizados no Brasil. Quanto mais se buscava respostas, mais se percebia que se estava fazendo a pergunta errada. Parecia mais correto tratar a habitação social como um investimento futuro na população, que fosse adquirindo valor com o tempo, funcionando como instrumento para promoção social dos beneficiados, em contrapartida ao modo como o fazem as políticas habitacionais atuais, que encaram a questão como gasto social, priorizando índices quantitativos aos qualitativos.
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Fica claro, portanto, que o erro estava no início do processo, pois se tentava resolver o problema errado. Não se resolve o problema da habitação social apenas diminuindo o déficit habitacional. Muito menos negando os fatos que o problema apresenta, como as características da população e as restrições orçamentárias e legais. Mais do que quantas casas propor, pareceu mais adequado pensar em onde e como propô-las.
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Surgem então duas questões primordiais a serem resolvidas: o lugar de implantação das habitações e como trabalhar com as limitações e restrições impostas pelo problema mantendo a qualidade do projeto.
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O LUGAR
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Embora a cidade seja uma construção social coletiva, a distribuição de seu espaço não se dá de forma igualitária, o que gera graves distorções no cenário urbano. No caso de Fortaleza, dos seus aproximadamente 2,4 milhões de habitantes, 30% moram em assentamentos precários e informais, o que se explica pela alta concentração de renda presente na cidade.
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A área de intervenção escolhida foi a comunidade Verdes Mares, localizada no bairro do Papicu, possui uma infra-estrutura excelente e grande rede de oportunidades. A comunidade é composta, em sua maioria, por ocupações irregulares, presentes na região há mais de vinte anos. Há uma forte especulação imobiliária, sendo comum a existência de terrenos vazios que não cumprem sua função social. Ambas as áreas (tanto as ocupadas como as ociosas) são classificadas como Zona Especial de Interesse Social, tornando possível pensar em redistribuir toda a população, pois a área x antes ocupada, passou a ser x+y com a incorporação dos terrenos vazios. Mantém-se, portanto, os moradores no seu local de residência atual, onde estão cercados de oportunidades e vínculos profissionais e pessoais, podendo transformar suas novas residências em um investimento que se valoriza com o tempo. A proximidade a um terminal rodoviário permite, ainda, pensar em uma rede de intervenções interligadas, o que teria um alcance maior na cidade.
IMPLANTAÇÃO E TIPOLOGIA
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A implantação buscou, ao invés de criar um núcleo fechado e voltado para si mesmo, trazer a cidade para dentro do conjunto e vice-versa. Isso foi feito com a criação de ruas internas estreitas de seis metros, que possuem ilhas de estacionamento e arborização para proteger as casas dos raios solares, uma vez que o clima de Fortaleza é marcado por altas temperaturas durante todo ano.
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Como é comum nessas comunidades, a população tem um forte vínculo e grande necessidade de áreas comuns de lazer. O projeto buscou intensificar essa realidade encontrada, criando mini-praças, espaços livres verdes e mantendo um campo esportivo bastante usado pelos moradores. Devido ás proporções da área, foi proposto também um centro cívico para manter seu vínculo e organização, e um equipamento de porte urbano, como meio de fomentar as atividades culturais, educacionais e de integração da área com o resto da cidade.
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A implantação buscou, ao invés de criar um núcleo fechado e voltado para si mesmo, trazer a cidade para dentro do conjunto e vice-versa. Isso foi feito com a criação de ruas internas estreitas de seis metros, que possuem ilhas de estacionamento e arborização para proteger as casas dos raios solares, uma vez que o clima de Fortaleza é marcado por altas temperaturas durante todo ano.
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Como é comum nessas comunidades, a população tem um forte vínculo e grande necessidade de áreas comuns de lazer. O projeto buscou intensificar essa realidade encontrada, criando mini-praças, espaços livres verdes e mantendo um campo esportivo bastante usado pelos moradores. Devido ás proporções da área, foi proposto também um centro cívico para manter seu vínculo e organização, e um equipamento de porte urbano, como meio de fomentar as atividades culturais, educacionais e de integração da área com o resto da cidade.
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Trabalhar com as restrições impostas significava encarar a escassez de recursos como um incentivo à criatividade e um filtro do supérfluo, aproximando ao máximo a proposta do problema real. A escolha de um terreno com boa infra-estrutura e o orçamento restrito para a construção das casas foram os limites que nortearam a proposta. Assim, era preciso saber exatamente como e onde aplicar os recursos.
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A forte presença de atividade comercial na área também foi um fato a ser trabalhado, evitando-se ter famílias diferentes em pavimentos diferentes, o que privilegiaria os que ficassem no térreo. Como fazer unidades de dois pavimentos sem que isso acarretasse aumento significativo de suas áreas? Buscou-se, então, a unidade mais estreita possível, dando maior flexibilidade para as famílias, inclusive no que se refere à ampliação posterior das casas.
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Há duas tipologias para as unidades: uma mais estreita, com área de 44,98m², e outra maior (devido ao acréscimo de um quarto no pavimento térreo), com área de 51,83m². Isso tendo em vista a própria dinâmica entre as famílias da comunidade, tanto em número de pessoas por unidade quanto pela renda.
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A forte presença de atividade comercial na área também foi um fato a ser trabalhado, evitando-se ter famílias diferentes em pavimentos diferentes, o que privilegiaria os que ficassem no térreo. Como fazer unidades de dois pavimentos sem que isso acarretasse aumento significativo de suas áreas? Buscou-se, então, a unidade mais estreita possível, dando maior flexibilidade para as famílias, inclusive no que se refere à ampliação posterior das casas.
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Há duas tipologias para as unidades: uma mais estreita, com área de 44,98m², e outra maior (devido ao acréscimo de um quarto no pavimento térreo), com área de 51,83m². Isso tendo em vista a própria dinâmica entre as famílias da comunidade, tanto em número de pessoas por unidade quanto pela renda.
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A sustentabilidade da proposta surge não como objetivo em si, mas como conseqüência da síntese dos fatores encontrados e de um processo rigoroso e amplo. Na escolha do local, considera-se sua viabilidade econômica e social. As técnicas e materiais escolhidos foram os mais adequados a esse problema específico: baixo custo e reprodução em série. Nesse caso, qualquer desperdício é multiplicado várias vezes, devendo, portanto, ser reduzido ao máximo. Isso foi resolvido através da modulação, estruturas pré-fabricadas, soluções tradicionais em relação ao clima e adequadas à mão-obra disponível. Utilizou-se o tijolo solo-cimento para a construção das casas, uma vez que atendia a essas imposições. Em Fortaleza, o melhor lugar para se estar é na sombra e onde o vento circule. É possível perceber esses aspectos tanto nos recuos nas fachadas e esquadrias com venezianas e vidro, quanto em janelas altas nas paredes dos quartos e no espaço entre a coberta e o forro, para melhor circulação do ar.
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O crescimento econômico muitas vezes está ligado ao crescimento espacial. As intervenções posteriores dos moradores são uma realidade, não devendo, portanto, ser negadas, mas trabalhadas. Ao invés de tentar evitar, a proposta tentou dar condições para que isso ocorresse sem maiores prejuízos para o coletivo. Ou seja, não controlando-as, mas prevendo-as de forma ordenada.
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Equipe
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Arquitetos: Bruno Braga e Igor Ribeiro
Estagiários: Bruno Perdigão, Epifanio Júnior e Marcelo Bacelar
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Arquitetos: Bruno Braga e Igor Ribeiro
Estagiários: Bruno Perdigão, Epifanio Júnior e Marcelo Bacelar
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