sexta-feira, 25 de dezembro de 2009
segunda-feira, 21 de dezembro de 2009
Andre Eisenlohr
Concluída em novembro de 2008 e localizada em um terreno em declíve acentuado, esta residência implanta-se paralelamente às cirvas de nível, dentro de uma área de reserva florestal em Campos do Jordão, São Paulo, e possui 50m2.
A vista para o vale está voltada para face sul e é totalmente aproveitada por grandes paineis de vidro que dão acesso ao deck. Na face norte a visão da rua fica protegida, com janelas baixas que permitem apenas a entradada luz solar para que o calor seja armazenado durante o dia de forma passiva, evitando o super aquecimento dos ambientes sem comprometer a privacidade do casal.
Com a proposta de uma construção sustentável e ecologicamente correta, o projeto incorpora materiais e técnicas construtivas que minimizam ao máximo o impacto ambiental da obra. Foram usadas estratégias projetuais pertinentes, como o aproveitamento de energia solar passiva nas aberturas,isolamento térmico entre as paredes (lã de rocha reciclada) e placas solares para o aquecimento da água (com sistema de gás integrado como apoio).
Foram usadas tábuas de pínus de reflorestamento tratado em autoclave no revestimento externo e placas de OSB como revestimento interno, inclusive no banheiro (impermeabilizado com uma membrana acrílica "Elastflex"que aceita a aplicação de qualquer revestimento, no caso, pastilhas de vidro). Na estrutura, foram usados pilares de eucalipto tratado, vigas de jatobá e garapeira, além de assoalho e deck de muiracatiara, provenientes de áreas de manejo sustentável. A cobertura é composta por telhas Onduline, com excelentes qualidades térmicas para região.
Estrutura
Para o contraventamento estrutural foram utilizados cabos de aço 3/8" verticamente (face sul e face norte) e horizontalmente (logo abaixo do vigamento do piso, dando ao mesmo tempo segurança e flexibilidade para esta estrutura simples e leve.
As vigas principais da cobertura usam o sistema conhecido como “vagão” para conseguir vencer o vão de aproximadamente 7m sem a necessidade de um pilar central, deixando o espaço livre e garantindo que as vigas não sofram deformações.
O sistema permite inclusive uma regulagem sempre que necessário, já que o tensionamento é feito por cabos de aço 5/16' com esticadores nas extremidades.
A inclinação dos pilares, que promove a sensação de amplitude no espaço interno, é possível devido aos conectores metálicos que os ligam às sapatas, isolando assim os pilares da umidade proveniente do solo.
95% da sobra de material foi utilizada, permitindo a composição da parede da cozinha (pedaços de cedrinho restantes do madeiramento da cobertura), bancada da cozinha e armário (antiga placa indicativa da fazenda onde se localiza a casa e restos de deck), bancada do banheiro (estruturados com sobra de caibros dos montantes das paredes) e acabamentos de pínus (sobra do revestimento externo) para o reservatório de água quente e fechamento da hidromassagem.
Concebida para um casal, sua planta se organiza de forma simples, em apenas um pavimento, onde o banheiro divide o dormitório do casal da sala de estar, que está integrada com a cozinha.
Ficha técnica
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Equipe construção: Luciano Silva dos Santos, Everton Sobral, Osmar Aparecido, Andre Eisenlohr.
Colaboradores: Arq. Cyssa Martins, Eng. João Carlos R. Neto, Renan Lima, Mac III, Rancho Sto. Antonio.
Site: www.andreeisenlohr.blogspot.com
sábado, 19 de dezembro de 2009
Entrevista com o arquiteto Alejandro Aravena
AA- Si, com mucho gusto...E, numa mistura de portunhol, rolou a entrevista:
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AA – Sim, porque foi uma Arquitetura, que nos anos 50 e 60, encantou o mundo, e, agora, perdeu seu encanto e carisma. A meu ver, só sobraram fachadas decorativas, sem qualquer valor arquitetônico, sem qualquer relação com o lugar e a cidade, que, para mim, continua o ponto central da boa arquitetura. Descobri, inclusive, exemplares aqui ou ali de uma arquitetura pós-moderna com dez ou mais anos de atraso (risos)! Não questiono estilos, mas...
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AA – Sim, uma delas: o Lelé (João Filgueiras Lima), que continua projetando espaços com qualidade para a população, como hospitais, creches e escolas para a comunidade.
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AA – Continua um grande mestre com projetos que eu admiro muito e outros que eu questionaria.
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AA – Com menos recursos que os do Brasil, procuramos, num país sem tradição arquitetônica, produzir uma arquitetura possível para a população e para a cidade. Afinal, não adianta reclamar da escassez, mas inventar. Não se trata de questionar estilos, mas de prestar atenção às condições culturais e climáticas do lugar. Assim, não dá para entender que um país com tantos recursos naturais e materiais, como o Brasil, continue produzindo uma arquitetura atualmente questionável.
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AA – Sem dúvida alguma, a habitação permanece o grande desafio de nossos países e, também, dos arquitetos. Não cabe, contudo, à Arquitetura resolvê-lo. Porém, nós arquitetos podemos ajudar e contribuir, qualificando a habitação com projetos econômicos, viáveis, contudo de qualidade. Afinal, para muitos, a habitação é a única herança que possuem, para seus filhos. Não conheço a situação específica do Brasil, mas no Chile, por exemplo, 60 % da construção de moradias populares não conta com nenhuma participação de algum arquiteto. Sem dúvida, podemos colaborar para reverter esse círculo vicioso do déficit habitacional, em circulo virtuoso. Claro que o problema só poderá ser resolvido por meio de políticas públicas habitacionais mais corajosas e eficientes, que atendam às necessidades de lazer, cultura e transporte da população mais carente..Sem isso, não há solução.
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AA – Ah, uma cidade agradável que, apesar de alguns problemas como o do trânsito, tem uma qualidadc de vida exemplar, com uma luz natural fantástica e alguns projetos arquitetônicos isolados muito interessantes, como a residência Cassiano Ribeiro que eu visitei. Não conhecia João Pessoa e, agora, até pensaria em morar aqui.
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AA – Que pesquisem, que estudem e que lutem para resgatar os grandes valores e lições da arquitetura brasileira do passado, como o respeito e a atenção ao meio ambiente, e o intercâmbio com a cidade e o lugar. Para mim, enfim, a qualidade de uma boa arquitetura não depende tanto do talento, mas da formulação correta do problema a ser resolvido. Então, a meu ver, o limite da boa arquitetura, em países como os nossos, mais que o talento está na inteligência, além da sensibilidade. Enfim, cabe aos jovens arquitetos criarem um novo atalho ou caminho arquitetônico, tendo como foco e referência a cidade.
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Toques
1) Que tal um terceira via? Arquiteto, em lugar de ficar esperando que seu projeto seja divulgado pela mídia do Sul, por que não investir nesse novo canal ou blog ArqPB? Afinal, como dizia o arq. Abrahão Sanovicz, a arquitetura brasileira tem três escolas ou vias: a carioca, a paulista e a do Nordeste. Aposte nela! Por favor, não dependa só da “Projeto” ou da “AU”, da qual, por sinal, fui cofundador;
2) lembrete: na matéria “Saravá, meu pai!”, deveria incluir o nome da arq. Débora Julinda e do mestre Mário Di Lascio, além de Antonio Francisco , que ao representar a presidente do IAB paraibano, Cristina Evelise, enfatizou a importância e o significado do evento, graças ao esforço do prof. Orlando Villar, para a valorização e auto-estima dos arquitetos do Nordeste.;
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4) e pra todos vocês, um novo ano, DEZ!
terça-feira, 15 de dezembro de 2009
segunda-feira, 14 de dezembro de 2009
Acácio Gil Borsoi
Tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado da Paraíba, como um significativo exemplar da arquitetura modernista em João Pessoa, a “Casa Cassiano Ribeiro Coutinho” será recuperada em 2010. O acordo foi firmado durante uma reunião, na sede do patrimônio estadual, entre o diretor do IPHAEP, Damião Ramos Cavalcanti, o proprietário Aldenor Mendes e os familiares e representantes de Acácio Gil Borsoi, já falecido e autor do projeto do imóvel: os arquitetos Vera Pires e Roberto Ghione, da VPRG Arquitetos; e o diretor da Alliance, Raul Henrique Lins.
“Este é um momento importante, em que o poder público e a iniciativa privada se juntam para salvaguardar um bem de valor altamente significativo para a história da arquitetura modernista: não apenas da Paraíba, mas também do Brasil”, ressaltou Damião Cavalcanti. “Estamos muito felizes com o encaminhamento do projeto”, disse o proprietário Aldenor Mendes. “Nossa idéia é construir um empreendimento comercial, mas também vamos preservar a estrutura original e reconstruir áreas internas, que já sido modificadas, além do jardim projetado por Burle Max”.
O projeto de Borsoi
A arquiteta Vera Pires explicou que o bem será recuperado dentro dos parâmetros descritos pelo arquiteto Gil Borsoi, que morreu em outubro deste ano. Um pouco antes, ele visitou a casa, a convite do IAB/PB, e concedeu entrevista exclusiva à repórter Nana Garcez, da revista “Edificar”, onde se mostrou maravilhado com o tombamento e as possibilidades de recuperação, para que o imóvel voltasse ao esplendor da época da construção.
Alguns dias depois, em Recife, Borsoi escreveu uma “carta testamento”, onde especificava todos os detalhes da intervenção, no sentido de restaurar a edificação da Epitácio Pessoa. “O projeto para valorização e efetiva incorporação da casa de Cassiano Ribeiro Coutinho ao acervo cultural de João Pessoa deve contemplar uma série de considerações que compreendem aspectos culturais, arquitetônicos, urbanísticos, comerciais e imobiliários”, dizia o arquiteto.
A partir dessas argumentações, propunha um programa destinado a uma efetiva valorização do imóvel e seu entorno, com uma superfície útil de aproximadamente 15.000 metros quadrados. Segundo ele, cinco usos devem ser efetivados no projeto: os comerciais na própria casa e em construções novas, em torno do jardim que será reconstruído e aberto para a Avenida Epitácio Pessoa; o empresarial, o estacionamento, o recreativo e o residencial. “Uso residencial integrado com o empresarial, no conceito de “home office”, ressaltava o autor. “Esta proposta é novidade no mercado imobiliário de João Pessoa e procura racionalizar produtividade e tempo”.
Bem modernista
A “Casa Cassiano Ribeiro Coutinho” foi concebida na década de 1950, época de surgimento e efervescência do movimento modernista na arquitetura brasileira. O imóvel foi edificado no momento de expansão de João Pessoa, quando as famílias mais ricas, que moravam na parte central da cidade, deslocaram-se em direção à praia. O projeto é do arquiteto Acácio Gil Borsoi e os jardins foram projetados por Roberto Burle Marx.
Em 10 de agosto de 2009, o Conselho de Proteção dos Bens Históricos Culturais do IPHAEP aprovou, por unanimidade, o pedido de tombamento do imóvel. O parecer foi escrito pelo conselheiro Raglan Gondim, coordenador de Arquitetura e Ecologia do Instituto, onde ele detalhava todos os elementos do processo: desde o pedido de tombamento, encaminhado ao patrimônio estadual através de um documento assinado por André Cabral Honor e outros 100 signatários, até os trâmites de apreciação e visita ao imóvel, para comprovar, in loco, os resquícios modernistas da edificação.
Na Ficha de Inventário, a “Casa Cassiano Ribeiro Coutinho” foi classificada como um bem de “conservação parcial”. Segundo Raglan Gondim, “isto garante a sua perfeita adaptação às mais diversas funções contemporâneas, além de permitir que, ao longo das intervenções futuras, os danos sejam plenamente revertidos, conforme projetos previamente aprovados no IPHAEP”.
Fonte: www.wscom.com.br/